domingo, 18 de novembro de 2007

The Unbearable Lightness of Being - Milan Kundera

Olhando sobre o pátio para as paredes sujas, Tomas percebeu que não tinha a menor ideia se aquilo era histeria ou amor.

E afligiu-se por, numa situação na qual um homem de verdade saberia de imediato como agir, estar a vacilar e a privar da sua memória os momentos mais belos que já vivera (ajoelhado à beira da cama, pensando que não sobreviveria se ela morresse).

Irritou-se consigo próprio até perceber que, na verdade, era bastante natural que não soubesse o que queria.

Jamais nos é possível saber o que queremos, pois, vivendo uma única vida, não podemos compará-la às nossas vidas anteriores, ou aperfeiçoá-la em vidas futuras.

Era melhor ficar com Teresa ou sozinho?

Não há como testar qual a melhor decisão, porque não há base para comparação. Vivemos as coisas conforme elas se apresentam, desavisados, como um actor que entra num palco sem ter ensaiado. E de que vale a vida, se o primeiro ensaio para ela é ela própria? É por isso que a vida é sempre como um esboço. Não, "esboço" não é bem a palavra, porque um esboço constitui-se das linhas gerais de alguma coisa, a base de uma pintura, ao passo que esse esboço que é nossa vida é um esboço de coisa alguma, linhas gerais de pintura nenhuma.

Einmal ist keinmal, Tomas diz a si mesmo. O que só acontece uma vez, afirma o provérbio alemão, melhor seria que não tivesse acontecido. Se temos uma única vida para viver, melhor seria não ter vivido.

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