domingo, 30 de março de 2008

Annie Hall - 1977


"You're polymorphously perverse"

no trabalho do pai com o sobrinho

Na semana passada fui passear com o sobrinho. Como o pai é chefe de recepção no Chiado (ou seja, está ali mesmo à mão), aproveitei para levá-lo lá para ver onde o pai trabalha. Chegámos e o pai fez questão de apresentar o filho ao director, todo cheio de formalidades, e o que se passou foi o seguinte:

Pai – T. cumprimenta este senhor.

Director – Olá T., então estás bom? (estica a mão para um suposto “passou-bem”)

Sobrinho – (ignora a mão e bate nas costas do director) então, ‘tá-se bem?

Escusado será dizer que o pai só queria enfiar-se num buraco! As influências dos “Morangos com Açúcar” levaram-no a ficar de castigo durante duas semanas sem ver o raio da série.

"primeiro paciente"

Esta noite sonhei com o meu primeiro paciente: era um rapazinho, não tinha mais de 10 anos, com cabelo castanho claro. Esteve o tempo todo a fazer desenhos, mal me olhou nos olhos e só me disse que a mãe era má.

definitivamente [ou por enquanto]...

...condução não é o meu forte. Ontem, de madrugada, ia atropelando a senhora do camião do lixo. Se ela não arregalasse os olhos e não desse um salto para o lado, acho que a trazia sentada no capot do carro para um tour pela cidade.


Há que salientar que, na altura, o carro estava praticamente parado.

sábado, 29 de março de 2008

auto-percepção em tons de cinzento


(Jane)

mudanças

A mudança é um bicho-papão. A dúvida sobre o que vem depois, o receio do desconhecido, o medo de perder o porto seguro e passar a pisar areias movediças, faz com que a iniciativa para mudar determinados aspectos seja um processo complexo. No entanto, todos precisamos dela de vez em quando, mesmo que mais tarde nos venhamos a arrepender.

sexta-feira, 28 de março de 2008

perco-me

com o som dos djembes, gaitas-de-foles e didgeridoos.

a minha casinha na ilha

(Jane e I. - 1998)
Lembro-me da alegria e da azáfama que foi quando se comprou a casinha. A casa da Azenha de Cima. Na altura, foi necessário enviar um contentor de Lisboa para lá, recheado de tudo, desde móveis a lâmpadas, e as semanas anteriores foram passadas a escolher azulejos, cores, loiças e tudo o que se precisa para colocar uma casa em condições. A mãe e a tia faziam tapetes, toalhas e cortinas, enquanto eu ansiava pelas férias que, como sempre, demoravam a chegar.
Já na casinha, gostava de acordar bem cedo, com o sol a entrar pelo quarto e com o canto dos galos dos vizinhos da casa mais abaixo. Levantava-me da cama apressadamente e tomava o pequeno-almoço: o pão-de-casa típico com o queijinho branco, comprados na casa da “Tia Vergínia”. Era um privilégio tomar o pequeno-almoço lá fora, com os olhos postos nos diferentes tons de verde dos pastos que se estendiam até ao mar, lá bem ao fundo, que esperava por mim todos os dias. Os sons que me faziam companhia eram poucos, limitavam-se ao piar dos passarinhos ou ao mugido das vacas, de quando em quando, que estavam nos pastos mais afastados. Nada mais se ouvia.
O gás era de botija e a casa de vez em quando precisava de ser caiada. Havia um forno antigo, de pedra, na cozinha, que nunca foi utilizado. As janelas eram em madeira, antigas também, daquelas que têm de se colocar um pauzinho para a segurar quando está aberta. À volta da casa havia uma laranjeira e outras árvores de fruto, das quais agora não me lembro, relva e canteiros de flores que ajudei a plantar. Lembro-me de trepar ao telhado e de me pendurar na chaminé, onde gravei o meu nome, e conseguir espreitar, lá de cima, para dentro de casa.
Lá, era e ainda é possível sair de casa e deixar a chave na porta, sempre, a qualquer hora.
A casa ainda existe, ainda a sinto como minha quando vejo fotografias e filmagens, mas nunca mais lá fiquei. Há quatro anos que não vou à ilha e as saudades começam a corroer-me por dentro, aos pouquinhos.

coisas

Engraçado como algumas preocupações parecem de uma dimensão monstruosa antes de adormecer e, no dia seguinte de manhã, parecem quase já se ter solucionado sozinhas.

comodismo

Uma amizade [pouco] alimentada por sms.

quinta-feira, 27 de março de 2008

Into the Wild

"There is a pleasure in the pathless woods;
There is a rapture on the lonely shore;
There is society, where none intrudes,
By the deep sea, and music in its roar:
I love not man the less, but Nature more..."
Lord Byron

"Happiness only real when shared"

coisas

Levantar-me do quente do sofá, ir para a cozinha mexer na batedeira, tigela, frigideira e afins, a esta hora da noite [00:30] só porque me apetece um crepe. Tenho coragem, pois tenho... é que a gula é grande.

quarta-feira, 26 de março de 2008

paixões platónicas

Também eu tenho uma paixão platónica por um rapaz do coro. Mas eu sei o seu nome. E sei onde o encontrar.
Não sei como é possivel, mas há pessoas desconhecidas, com quem me cruzo nas ruas, que me lembram a chuva, um fim de tarde, e por aí adiante...

Love in the Time of Cholera

"Quero comer a carne macia de cada palavra que ela me escreveu, sem parar. Espero sobreviver, mas o perigo está em toda a parte (...) o abraço letal e asfixiante da cólera. É muito mais impossível de prever do que a guerra; ela agarra e de repente solta, agarra, solta, agarra…"

"Esperei por esta oportunidade durante 51 anos, nove meses e quatro dias. Este é o tempo que te tenho amado, desde o momento em que te vi, até agora (...) o meu coração finalmente realizou-se, e eu descobri, para minha alegria, que é a vida, e não a morte, que não tem limites."

sábado, 22 de março de 2008

Ultimamente tenho dito muito a frase "vai correr tudo bem". Não sei se é para tentar animar os outros ou se é mais para me convencer a mim própria, em voz alta.

coisas

Depois de, finalmente, ter arranjado coragem [e tempo] para passar a limpo as receitas dadas pelas mais diversas pessoas ao longos dos últimos anos e arrumar as folhas que se foram soltando com o uso, posso dizer que me apetece enfiar na cozinha um dia inteiro a experimentar coisas novas!

já diz o ditado: "é melhor um vizinho perto, que um parente longe"

Enquanto muita gente se queixa que, hoje em dia, quase ninguém conhece quem mora ao lado, no meu prédio acontece exactamente o contrário. Não só conheço os vizinhos do lado, mas como os da frente; os de baixo; os de cima (os barulhentos); os da diagonal; os que vivem dois andares acima de mim e por aí adiante. Às vezes digo que isto parece uma aldeia e confesso que, por vezes, é cansativo, embora seja raro.

Deu-me para dedicar um post aos meus vizinhos porque fiquei tocada por hoje nos terem vindo trazer um bolinho caseiro, de maçã e canela, ainda quente. Imaginei a preocupação da senhora a fazer o bolo e a esperar que saísse bem, de propósito, para nos oferecer. Mas não foi a primeira vez: nos meus anos, ofereceram-me o bolo das velas; não passa muito tempo sem que alguém nos traga um doce ou geleia caseiros, ou que a vizinha de baixo nos deixe na maçaneta da porta um saco com limões, ou laranjas ou alfaces, ou qualquer outra coisa, que trouxe da terra (cá está o estilo aldeia)...

São miminhos bons e já raros nos dias que correm. Sabe mesmo bem.

sexta-feira, 21 de março de 2008

detesto

mudanças de assunto.

despertou-me


(photografia por Jane)

Primavera

Eu bem dizia que era um pulinho até aqui.
Mais um bocadinho e há banhos de mar com pés enterrados na areia quente.

pouco tempo

A I. chegou hoje de Cardiff. Não a vejo desde o Natal e já cá faz muita falta! As trocas de e-mails, de fotografias e as video-call's no messenger não bastam. Tenho saudades das expressões, do som do riso e de dizermos disparates. Aguardo noticias no telemóvel para uma combinação em breve. (ouviste?!)
O tempo é sempre curto para estar com aquelas pessoas especiais, com quem praticamente só se pode estar nas férias. Amanhã, se tudo correr bem, vou matar saudades do V.

terça-feira, 18 de março de 2008

é em alturas como estas

que eu gostava de ser ambidestra. Já que escrever sms e lavar os dentes com a mão esquerda se tornam tarefas de duração considerável.

mãos

gosto das mãos sedosas e minúsculas dos bebés.
das primeiras coisas que reparo, num homem, são as mãos.
gosto das minhas.

segunda-feira, 17 de março de 2008


Gosto das minhas covinhas nas bochechas e ao pé do queixo.

Tenho medo de envelhecer. De olhar para as fotografias que estão organizadas, por datas, nas caixas do meu quarto, as quais guardo zelosamente, e ver aquelas diferenças inevitáveis: ausências. De pessoas queridas. Tenho medo, e reconheço ser este o meu pavor supremo.

"O Melhor Bolo de Chocolate do Mundo"


Pode não ser o melhor do mundo, mas lá que é dos bolos mais deliciosos e viciantes que já comi, é!E está aqui pertinho!!!

e se eu fosse...

Mês: Junho

Dia da semana: Sexta-feira

Número: 7

Direcção: para trás (porque trago sempre muitas recordações e saudades)

Móvel: chaise long

Líquido: water

Pecado: gula

Pedra: pedra-pomes (porque limpa quase tudo)

Metal: prata

Árvore: Amendoeira em flor

Fruta: melancia

Flor: flores brancas

Instrumento musical: harpa

Elemento: ar

Cor: azul

Animal: Pinguim

Som: chuva no vidro; o som ao encostar o búzio ao ouvido

Canção: “Edelweiss”

Perfume: jean paul gaultier (para homem)

Sentimento: paixão

Livro: “Message in a Bottle”

Comida: bacalhau

Lugar: uma casa-de-banho de sonho

Sabor: orégãos

Cheiro: chocolate derretido

Palavra: macio

Verbo: dormir

Objecto: colher-de-pau

Peça de roupa: roupão (no Inverno); vestido (no verão)

Parte do corpo: mãos

Expressão: de surpresa boa

Desenho animado: Tom Sawyer

Filme: “Música no Coração”

domingo, 16 de março de 2008

paixões platónicas

pfffff

Já não sonho contigo. Cada vez me lembro menos de ti. Mas ainda cá estás, de vez em quando. Ainda acredito num abraço que nunca aconteceu.

"Novos Contos da Velha Lisboa"

"(...) nem sempre me conformei com os destinos inevitáveis, mas cedo entendi que, quando uma criança nasce, o mundo é sempre do seu tamanho. Ora, o meu mundo era Lisboa; o meu país, Belém; a minha aldeia, a Travessa da Memória. E foi muito claramente assim durante toda a minha infância.
A fronteira sul do meu país era o Tejo.
Sentava-me muitas vezes no pontão de Belém, simplesmente a olhar gaivotas desaustinadas, peixes na calhandrice da babugem, namorados lânguidos com olhos de lua, cães vadios - os grandes sabedores da vida de sobrevivência - velhos marinheiros de rio, blusas de flanela desbotadas (...).
A outra margem seduzia-me. Achava deslumbrante passar de barco para o Porto Brandão, navegar nas águas inquietas do estuário até à Trafaria, enfrentando o mar com a coragem henriquina de quem chega ao novo mundo numa casquinha de noz (...)."

Vítor Serpa

(photografia por Jane)

sábado, 15 de março de 2008

no carro com o sobrinho [de nove anos]

sobrinho - Nana, vou mudar de música.
eu - Não mudas nada, que eu não estou para ouvir o CD dos morangos...
sobrinho - não vou pôr esse!
(abre o porta-luvas e tira 3 Cd's)
eu - vais pôr o quê? O CD dos morangos está ali em baixo.
sobrinho - Mas eu quero é Interpol!
eu - (com verdadeira cara de parva)
sobrinho - Tenho aqui três mas gosto é deste.
eu - (continuando com a tal cara de parva)
sobrinho - (mete CD na faixa da música "Heinrich Maneuver" e começa a cantar no seu inglês próprio)
eu - Mas desde quando é que conheces Interpol?
sobrinho - Então, também conheço "Arcáde fáia"*

Precoce?

*Arcade Fire

sexta-feira, 14 de março de 2008

saudades gastronómicas

das tapiocas com queijo e côco, todas as manhãs, no Recife

de comer umas lapinhas grelhadas e roer uma maçaroca com manteiga derretida, nos Açores

segunda-feira, 10 de março de 2008

coisas

Amanhã já saio de casa prevenida: galochas, gabardine e chapéu-de-chuva.
Por hoje, já bastou a chuva miudinha atrevida a aterrar-me na pele.

Aos poucos, a pele cobre-se duma fina segunda epiderme, mas de água. Está quente, entranha-se na pele e quase chega até aos ossos. Começo por me agachar e termino sentada na estreita banheira. É o peso do que se passa que me empurra para baixo. Esfrego cada parte do corpo com a esponja grosseira de cor púrpura. Esfrego freneticamente, porque o que quero limpar não é o que está visível, é o que me esfria o espírito. Saio do cubículo com vapor a sair de mim. Os pés aterram no chão gelado de pedra branca mesclada. O contraste de temperatura incomoda por pouco tempo. Volta a eriçar os pêlos de todo o corpo. Viro-me para o espelho embaciado, inspiro para tomar coragem e, com a mão direita, faço surgir o meu corpo reflectido em tímidos traços desenhados pelos dedos. Quero ver mais, mesmo que não me dê prazer. Porque nem sempre gosto do que vejo, apesar de serem sempre os mesmos contornos, os mesmos traços, os mesmos sinais, as mesmas linhas. Mas são esses mesmos traços, contornos, sinais e linhas que me fazem imperfeita.

domingo, 9 de março de 2008

coisas

E num piscar de olhos já me escaparam dois concertos este ano. Há sempre o próximo.

sábado, 8 de março de 2008

dia da mulher

passou-me ao lado.
Preciso duma daquelas gargalhadas que venha acompanhada de dores nos músculos da face e da barriga e, já agora, de lágrimas contentes.

sexta-feira, 7 de março de 2008

não concordo!

Parece que, a partir de agora, a vida de quem faz o famoso "copy - paste" para a elaboração de trabalhos, vai ter a vida facilitada. Isto é, se os textos estiverem escritos em brasileiro já não é preciso darem-se ao árduo trabalho de acrescentar "C's" e "P's" para parecer que foi feito pelos meninos. Está tudo aqui explicadinho.
Não gostei da noticia e duvido que me habitue. Sou à moda antiga, sou daquelas que ainda acredita que "F", hoje em dia, ainda deveria ser "PH". Quer dizer... pronto, também não exageremos!

quinta-feira, 6 de março de 2008

alegria boa!


(Jane)

quarta-feira, 5 de março de 2008

"daqueles posts"

Este vai ser daqueles posts típicos a reclamar de qualquer coisa do nosso belo país. Não estava nos meus planos fazê-lo, até porque não vai adiantar nada, mas estou tão irritada que tenho de "desabafar".

Cheguei pelas 21h30 a casa e estou cansada, doem-me as pernas e os braços. Poderia ser um bom sinal, pois podia ser cansaço de exercício físico gasto num ginásio ou por ter estado a nadar ou a fazer qualquer outra coisa realmente saudável para o corpo, mas não. As dores nas pernas devem-se ao facto de ter andado a percorrer os quase infindáveis corredores e escadas do gigantesco Hospital S.M., e as dores nos braços apareceram por ter andado quase 10h a empurrar uma cadeira de rodas. Realmente não parece nada de mais, sou mais uma entre tantas centenas, e é verdade, mas não quer dizer que o sistema esteja correcto. O meu objectivo aqui não é falar do meu problema, mas sim falar topicamente sobre o dia de hoje no hospital da nossa cidade. Posso começar pelas portas, que dividem a rua do local das urgências, que não fecham (e estamos a falar de duas portas bem largas e, já agora, há que recordar que não estamos propriamente numa altura de calor), provocando correntes de ar geladas exactamente no sítio onde estão pacientes em macas e em cadeiras de rodas (que surgem uns a seguir aos outros) horas e horas à espera. Ainda em relação ao local das urgências, posso referir que é uma odisseia a conjugação, no mesmo espaço, entre macas e cadeiras de rodas, uma vez que os corredores são imensamente estreitos para tanta afluência e dimensões dos aparelhos. Um instrumento para medir a tensão para três salas parece-vos suficiente? Pois, não é. O frio e a corrente de ar juntamente com o tempo de espera alteraram-me a paciência, mas pior foi a senhora doutora do consultório das urgências. Porquê? Primeiro porque não demonstrou qualquer tipo de sensibilidade (ao que eu respondi que, uma vez que somos leigos e que estamos deste lado que, por si só já não é fácil, se ela podia fazer o favor de explicar o que se estava a passar - entre outras coisas); segundo, porque sacou do espelho e do baton a meio da consulta e pôs-se a maquilhar (lancei-lhe o meu olhar frio, ela percebeu e apressou-se a guardar); terceiro, porque pegou na sua bebida de lata com palhinha, sorvendo a bebida de tal modo que fez um barulho significativamente alto (ok, aqui deu-me vontade rir) e quarto, porque falou com a enfermeira sobre outros pacientes quase que a gozar, a rir. Dar a refeição ao paciente num corredor (sim, o mesmo da corrente de ar, aliás, acho que naquele piso todos os corredores estavam a ser invadidos pelo ar gélido da rua) também é giro, não é? Elevadores onde circulam qualquer tipo de pacientes em macas, e não só, juntamente com visitas e outros, também é algo que me faz muita confusão, e não é preciso pensar muito para perceber porquê. Passar mais de metade do tempo a roçar o meus jeans no chão imundo do hospital porque a espera é imensa e está tudo tão caótico, também não é agradável. Entre estas, muitas coisas mais que agora nem vale a pena expor.

No meio de tanta coisa chata, também tenho de dar a mão à palmatória e dizer que os enfermeiros são impecáveis, bem dispostos, prestáveis e sempre a tentar animar os pacientes.

terça-feira, 4 de março de 2008

e como não acredito em coincidências,

sorrio com a música.

Gosto

de soprar para fazer aparecer bolinhas de sabão do tamanho que eu quiser de pulseiras no pé e acima do cotovelo de estar no carro e brincar com a força do vento de andar com a cabeça de fora nos eléctricos antigos de me empanturrar com chocolates mars e toblerones de cair na cama e adormecer instantaneamente de acordar e saber que posso ficar o tempo que quiser no quentinho da cama de soprar para a farinha e ver uma nuvem de pó branco de sentir a água do mar a bater nos tornozelos de me espreguiçar do som das teclas do computador do cheiro a bebé do som dos trovões

para o R., que é o único que percebe

Levo lápis de cera para te desenhar as formas das nuvens, que só descobres pelos meus olhos. Construimos, juntos, um planeta cor-de-rosa e amarelo em forma de tapete voador que transportamos durante uma noite inteira nas nossas mãos. Em vez do balão, podiamos passear nas costas de uma borboleta, daquelas que têm um mapa desenhado nas asas. Imagina que o mapa nos levava a um buraco de árvore, daqueles em que dizes que ha bichinhos, e esses bichinhos guardavam as tais pérolas verdes que estão juntas três a três; Não ficávamos ricos porque as pérolas se desfazem na água, mas ficávamos amigos dos bichinhos que nos iam contar histórias dos outros bichos maiores da floresta e, assim, ficavamos a saber o que os esquilos fazem de manhã. Agora, já está escuro e os nossos cavalos-marinhos adormeceram, estou quase a ir brincar com eles nos meus sonhos mas, antes disso, precisava de te dar um beijinho na ponta do nariz.

Março/2006

o meu reino por um dia igual a este.




segunda-feira, 3 de março de 2008

sem acasos

Disseco cuidadosamente o meu passado e reparo em como tudo encaixa na perfeição. Isto aconteceu para poder acontecer aquilo. Não me dá prazer acreditar em coincidências, em acasos. Por que não acreditar que os contornos já estão desenhados? Desenhados os contornos, resta-nos pintar o conteúdo com todas as cores primárias e secundárias que ousarmos que estejam presentes; em tons de cinzento escuros e claros, que por vezes é preciso; com riscos sinuosos ou rectos, bem vincados ou suaves.

sábado, 1 de março de 2008


o sobrinho com o pai
(photografia por Jane)

Primeira praia do ano. A areia entre os dedos dos pés e salpicada pela pele soube bem. A água gélida, pouco diferente de como está no Verão, piscou-me o olho para um banho longo com cambalhotas e braçadas em direcção ao inatingível horizonte. Já falta pouco.

em progresso:

voluntariado (seja do que fôr); tatuagem (a pequena joaninha no tornozelo); a minha ginástica diária (estou a ficar satisfeita com os resultados).

dilemas [quase] desvanecidos

mais três meses e o Verão fará a sua habitual visita.


(Jane)