sexta-feira, 2 de novembro de 2007

King Cão

Na maior parte das vezes que chego a casa, pela hora de almoço, sirvo de porteira ao cão dos meus vizinhos do 3º andar.
Estou eu a aproximar-me do prédio e lá vem o cão (castanho, comprido e baixinho) encostar-se à porta como quem diz: “despacha-te, que já fiz o que tinha a fazer cá fora e agora quero ir para os meus aposentos.” Entramos os dois no prédio, (ele primeiro que eu, claro. Cão que é cão tem prioridade) e carrego no botãozinho para chamar o elevador, enquanto ele anda dum lado para o outro, impaciente (sim, porque cão que é cão não espera). Entramos no elevador (ele primeiro que eu, mais uma vez, ora pois claro), eu lá carrego para o 3º andar e, durante a viagem, sou intimidada por uns olhares de desconfiança (deve ter medo que o leve a dar uma voltinha até ao 8º andar e que o deixe por lá). Chegamos, eu abro-lhe pela terceira vez a porta (lá está a razão pela qual sou porteira do cão) e vou-me embora sem esperar qualquer gesto de agradecimento ou de cavalheirismo, como já era de calcular após me ter passado à frente duas vezes. Estou eu a passar o 4º andar e começo a ouvir o cão a ladrar à porta da sua casa, para que lhe abram a dita (cão que é cão tem porteiros). Como pessoas bem treinadas que devem ser, calculo que abram a porta ao dono.

Sem comentários: