domingo, 3 de fevereiro de 2008

de um fôlego só

vontade de sentir o sabor dos cheiros e as cores dos sons que me perseguem desde que sorri para o mundo sair de casa pela janela e flutuar até tocar nas pedras do chão chegar à beirinha de um precipício desequilibrar-me e experimentar o medo da queda sem cair seguir as formigas e conseguir finalmente perceber o que se passa dentro do formigueiro pintar a cara com pós brilhantes de cores fantásticas e vestir-me de cetim gritar histericamente para a almofada que me abafa até sentir veias a latejar cortar o cabelo pintá-lo de branco lamber pedras de gelo para matar a sede mergulhar numa piscina quente com sapatos calçados pisar algodão de cores pálidas descalça para sentir a maciez da pele dum bebé tocar na chama da vela púrpura que cheira a alfazema que está no mel que não queima os dedos entornar a cera derretida para a palma da minha mão arriscar um beijo no carro que toca música piscar o olho a uma criança que roubou rebuçados de frutos silvestres encher os bolsos de tecido de cambraia com bons momentos provocar gargalhadas com um salto subir para o barco à vela de patins descer uma rua inclinada onde no fim há abraços abertos que me esperam pintar os carros com cornucópias esbatidas pelo sal do mar verter todos os perfumes do mundo para uma banheira lamber dos dedos o chocolate derretido misturado com leite condensado receber cartas lacradas de encarnado sangue estalar os dedos trabalhar no moinho de vento mais antigo arrepiar-me com o toque quente que nunca senti pintar telas maiores que eu com pincéis de vernizes das unhas construir amizades com índios cheios de missangas e penas... ... ...

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