quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Há conversas de todo o género. E há pouco tempo tive uma daquelas conversas que não surgem por acaso, são aquelas conversas que precisam de acontecer mais tarde ou mais cedo, não são inevitáveis, mas precisas. Foi por impulso, já que uma percentagem significativa dos meus comportamentos são regidos desta forma, mas mesmo assim respirei fundo antes de marcar o número. Fui para a janela ver o vento a abanar a enorme copa da árvore em frente e só me perguntava o que é que, meses depois, lhe poderia dizer mal ouvisse o “estou” do outro lado. Falar do vento? Ficar em silêncio e esperar que ele falasse? Ou melhor, avisá-lo para não abrir a boca e deixar-me falar aceleradamente como faço quando estou mais nervosa. Esta última pareceu-me a mais justa e sensata, mas não foi assim que aconteceu. No primeiro minuto mal conseguia articular as palavras e do vento falei depois. Falei, chorei, assoei-me, satirizei certas situações, verbalizei os meus pensamentos mais absurdos e obtusos como se estivesse a falar para o espelho. Tinha de ser, era tão preciso! Depois de despejar o que estava na ponta da língua para ser dito há muito tempo, mas que era constantemente empurrado para a garganta e fechado com o conhecido “nó”, senti-me mais serena e sobretudo mais capaz de continuar em frente. Foi bom escutar a voz de sempre mas que ao mesmo tempo já não o é e que já não tem a mesma função. Agora já sei o que se passa do outro lado da “linha” e isso descansa-me.

1 comentário:

Anónimo disse...

"Ninguém pode possuir um nascer do Sol..ou o momento mágico das ondas quebrando nas rochas. Ninguém pode possuir o que existe de mais belo na Terra - mas podemos conhecer e amar." Paulo Coelho