domingo, 9 de novembro de 2008

hoje

Abro os olhos devagar. Fecho-os de seguida, porque ainda estou sonolenta. Volto a abri-los e de repente a realidade actual invade-me de rompante. Tenho isto e isto para fazer. Para o que me incomoda falta um dia e para o que anseio faltam três. Perante isto o meu coração começa a bater mais depressa. Volto-me para o outro lado, para onde tem a janela, e tento deixar-me levar pelo sono outra vez e por isso fecho os olhos de novo. Mas o “tum tum” do coração é ensurdecedor e além disso não posso voltar a adormecer porque já são quase onze da manhã e tenho coisas para fazer. Estico a mão para fora da cama para pegar no telemóvel e voltar a confirmar as horas. Brrr está frio! Encolho-me ainda mais, enroscada nos cobertores. Envio a mensagem de bom dia que já se tornou num hábito bom e espero pela resposta que poucos segundos depois chega até mim. Volto a lembrar-me que tenho de pôr os pés fora da cama porque tenho coisas para fazer. Mas que coisas? As aulas estão passadas a limpo; os textos estão lidos; os capítulos dos livros correspondentes às aulas dadas estão lidos e sublinhados; a tradução está feita e não posso adiantar um trabalho porque antes preciso de enviar um e-mail ao professor. Por isso, que coisas tenho de fazer? Este estado de nervos e de ansiedade constante não me deixa sossegar, tenho sempre a cabeça a mil, assim como o resto do corpo. Se eu já sou agitada por natureza, então agora mal consigo parar sossegada um minuto. E o que me vai dando alento são as palavras que vou recebendo ao longo do dia, que me transportam para as últimas tardes passadas em conjunto, no meio de filmes, de risos, de abraços, de mãos entrelaçadas e de olhares. Tenho de me habituar. Aliás, quero habituar-me.

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