quinta-feira, 16 de abril de 2009

Começo a sentir um cheirinho doce que se aproxima. Cheira a cores suaves. São nuvens húmidas que passam por mim, sem qualquer vergonha, e que me acariciam a pele da cara. Fazem-me cócegas por baixo dos pés e solto gargalhadas tímidas. Estico o braço e tento arrancar um pedaço da nuvem cor-de-rosa, que está mais pertinho, para guardar no bolso e lhe dar depois. Sei que ele ia fazer aquele sorriso mimoso e que os olhos iam brilhar por detrás daquelas pestanas que parecem saias de bailarina. As nuvens de cores suaves assustam-se com a trovoada e começam a chorar. Lá em baixo, as pessoas começam a andar mais depressa, vestem casacos e abrem chapéus-de-chuva. Vejo tudo lá de cima, inclinada em bicos-de-pés mas, com a vontade de querer ver tudo, desequilibro-me e caio. Na queda, sem me aperceber, a chuva molha o pedaço de nuvem cor-de-rosa que tinha no bolso e acaba por derreter. Chego cá abaixo triste, de mãos e bolsos vazios. Conto-lhe a história das nuvens de cores suaves, e do pedaço de nuvem cor-de-rosa que derreteu quando eu estava a cair. Ele faz o mesmo sorriso mimoso de sempre e vejo os olhos a brilhar por detrás das pestanas que parecem saias de bailarina e diz-me ao ouvido para não ficar triste porque, da próxima vez ,vamos os dois lá acima e aí eu não me vou desequilibrar nem cair porque vamos estar sempre de mão dada.

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