segunda-feira, 30 de junho de 2008

my first kiss

Há momentos, particularmente na vida duma rapariga, que nos acompanham para sempre. O primeiro beijo é um deles. O meu foi numa casa “assaltada” por nós na baía da ilha, num verão algures nos anos 90. Era de tarde, estava um dia de praia esplêndido e não correu tão bem como seria de esperar. O melhor de tudo é que o menino do beijo ficou meu amigo desde essa altura e agora, sempre que nos lembramos dessa tarde, apontamos o dedo um ao outro e rimo-nos da inexperiência e da ingenuidade de cada um.

sábado, 28 de junho de 2008

Desato o cabelo que estava arranjado de forma a realçar o pescoço longo e fino. Já solto, cai duma vez só até roçar os ombros. Descalço as sandálias de salto alto novas, que calcei por me fazerem realçar os quase inexistentes músculos das pernas. Dispo o vestido que cuidadosamente escolhi por tanto destacar o que mais gosto no meu corpo, como ao mesmo tempo também disfarçar o que menos gosto. Estou nua e viro-me para o espelho. Encaro-me como tantas outras vezes, com a diferença de que quase sempre olho para este corpo de soslaio ou pela metade, como se o facto de apenas não olhar tornasse inexistente aquilo que me deixa constrangida. Mas desta vez é diferente, desta vez preciso de me contemplar e aceitar aquilo que vejo, sem comparações, sem embaraços. Os pés de dedos pequenos e paralelamente em escadinha. A cicatriz no joelho esquerdo feita em pequena, não sei onde nem como. A queimadura do tamanho de uma gota, um pouco mais acima, que ali está desde o verão de 96. As pernas de bonitos contornos mas muito pouco definidas que até há pouco estavam escondidas dentro do vestido. Os braços finos, mãos bonitas de unhas quase sempre arranjadas mas com peles roídas em alturas menos fáceis. Uma cicatriz de um corte no polegar direito e uma pequena marca no dedo indicador da mesma mão. Os olhos castanhos e grandes prendem-se no tronco, a minha zona preferida não só pelos sinais estrategicamente situados, mas pelos ombros, pelas costas e pelo pescoço. Gosto. Olho para fotografias de há três anos e já noto diferenças na minha face. Tenho medo, não quero envelhecer. Experimento expressões, arregalo os olhos, faço caretas, aperto porções de pele aqui e ali e imagino como seria sem esses bocadinhos a mais, ou se tivesse mais peito. Olho-me e penso como é extraordinário que, às vezes, nem sequer consigamos olhar para o nosso próprio corpo. É isto que eu sou, sou também esta matéria, com todas as imperfeições. Tento falar em voz alta, aprofundar aquilo que sou, aquilo que sou por dentro, mas não consigo. Se contemplar o que está por fora custa, fazer o mesmo com o que está por dentro pior ainda. As lágrimas acabam por invadir os olhos, oh por tantos motivos… mas sobretudo porque encerro no meu corpo o peso doutro corpo, porque os meus ouvidos transbordam de conversas e de sons de gargalhadas dadas em conjunto, assim como os meus olhos têm registados os momentos envoltos na luz ténue. O meu próprio corpo é uma caixa de recordações e, neste momento, já as lágrimas deixaram de ter vergonha e passaram a rolar pelas bochechas caindo para o meu peito, para o coração.

sexta-feira, 27 de junho de 2008

coisas

acordarem-me a meio dos meus sonhos deixa-me irritada!

quinta-feira, 26 de junho de 2008

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Nestas últimas semanas não tenho tido tempo para quase nada. O meus olhos estão cansados de folhas com apontamentos escritos à mão, com sublinhados e cores, de letras escritas à pressa com a bic azul e com acrescentos a lapiseira. O corpo pede-me sol e água salgada, os olhos pedem-me a máquina fotográfica para tirar fotografias exaustivamente e a mente pede-me conversas e gargalhadas que provocam dores de barriga junto dos amigos de sempre. Espero que esteja quase!

seja quando for

Vontade de aterrar, de sair pela porta e descer as escadas do avião como se fosse dona do mundo, ou melhor, daquele pedaço de terra.
Seja quando for.


te iubesc

terça-feira, 24 de junho de 2008

...

Dizer bem cá de dentro que gosto, que continuo a gostar, e que o passar do tempo nada atenua, apenas atiça mais, e receber o silêncio do outro lado como resposta, dói muito.

sábado, 21 de junho de 2008

primeiro dia de Verão

e eu em casa, a estudar que nem uma maluquinha.

Como me apetecia sentir o corpo a estremecer na rebentação das ondas.
Mas logo vou-me vingar, vou [num pé e venho no outro] ao arraial comer uma fartura!

sexta-feira, 20 de junho de 2008

sobrinho

Entra no carro e diz: "mãe, tenho um trocicolo* nos olhos"


*torçolho

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Portugal - Alemanha

perdemos com honra.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Hoje sonhei com a minha avó, o que já não me acontecia há uns tempos. Como sempre, o cenário era a casa antiga, de chão de madeira, e ela estava sentada na sua poltrona. Conversávamos animadamente enquanto me mostrava uma camisola de tricot. Consegui ouvir a voz, sei que ouvi, mas agora é-me impossível lembrar de como é. Desta vez aparecia outra pessoa no sonho, eras tu e estavas sentado a apreciar o que se passava, calado e com o teu querido sorriso, aquele que fazes sempre que se fala de recordações de infância.
Acho que juntei no sonho as pessoas de quem tenho mais saudades, as que já partiram: tu duma maneira e a minha avó doutra.
Hoje, na baixa, fui "perseguida" por três Fernandos Pessoa (ou os seus três heterónimos), vestidos a rigor. Pediram-me autorização para recitar um poema, ao que eu respondi simpaticamente que sim desde que fosse em andamento porque estava com pressa, e assim foi: enquanto andava pela rua principal era "perseguida" por três homens vestidos de igual com roupas e chapéu do antigamente, a recitar o poema de Álvaro de Campos "Todas as Cartas de Amor são Ridiculas". Fomos fotografados por estrangeiros e um dos heterónimos despediu-se dizendo "obrigado pela sua beleza". E pronto, já posso dizer que fui galanteada pelo Fernando Pessoa (ou pelo heterónimo).

terça-feira, 17 de junho de 2008

a dar em doida!

Depois de andar a chamar azureus, em vez de aerius, ao meu comprimido das alergias, agora dei por mim a ver televisão e a fazer instantaneamente cotações de Rorschach e de T.A.T. no que as pessoas dizem... oh não! Tirem-me deste filmeee

domingo, 15 de junho de 2008

santos [em modo atrasado]

A noite começou pela Bica, com paragens nos degraus das portas e com as ruas de cheiro a sardinhas a encherem-se aos poucos de gente. Depois seguimos para o Largo do Carmo, onde houve direito a bailaricos e a comboios com música pimba cantada ao vivo, no meio de trajes académicos. A pé até à Sé e depois Alfama onde mal se podia andar e acabámos quase no fim da Avenida da Liberdade à espera de taxi. Nessa madrugada a minha cama soube-me pela vida! Mesmo que tenha sido só por três horas, já que a manhã adivinhava um dia solarengo de praia!

sexta-feira, 13 de junho de 2008

coisas

Quando começo a chamar constantemente azureus* ao meu comprimido das alergias, que se chama aerius, deve querer dizer que algo se passa, não?


*programa para fazer downloads de filmes

praia

Depois de uma noite bastante longa, que começou cedo e acabou tarde à procura de táxi na avenida da liberdade, foi quase de directa que me pus a caminho da praia. Soube mais que bem. As brincadeiras na água com o sobrinho, que me fizeram voltar a ter a idade dele outra vez, o sol a queimar e a sombra debaixo do chapéu acompanhada de algum estudo, porque na verdade tem de haver tempo para tudo. Já sentia falta de mergulhar a cabeça no mar e ouvir o som do turbilhão das ondas debaixo de água, de me deixar levar com a rebentação e de saber a sal. Chegar a casa com uma mistura de encarnado e moreno na pele, com o sol quase a pôr-se.

manjerico para ti!



em troca do manjerico do ano passado.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

(please YOUR) forever

Not talkin' 'bout a year, no not three or four.
I don't want that kind of forever in my life anymore.
Forever always seems to be around when it begins but forever never seems to be around when it ends.
So give me your forever.
Please your forever.
Not a day less will do from you.
From You.
People spend so much time, every single day, runnin' 'round all over town, givin' their forever away.
But no not me.
I won't let my forever roam and now I hope I can find my forever a home.
So give me your forever.
Please your forever.
Not a day less will do from you.
From you.
Like a handless clock with numbers an infinite of time.
No not the forever found only in the mind.
Forever always seems to be around when things begin but forever never seems to be around when things end.


De repente deparei-me com esta música, uma das minhas especiais. O coração bateu mais depressa, quase a querer saltar do peito e recordei a voz a cantá-la, numa gravação feita por casa. Saudades sim, sem dúvida!

quarta-feira, 11 de junho de 2008

segunda-feira, 9 de junho de 2008

consegues olhar-me nos olhos?


(Jane)
Se já sei que não vou gostar de ouvir as respostas, por que razão insisto em fazer as perguntas?

comentário à primeira frequência:

merdamerdamerdamerdamerdamerdamerdamerdamerdamerdamerdamerdamerdamerdamerdamerdamerdamerdamerdamerdamerdamerdamerdamerdamerdamerdamerdamerdamerdamerdamerdamerdamerdamerdamerdamerdamerdamerdamerdamerdamerdamerdamerdamerdamerdamerdamerdamerdamerdamerdamerdamerdamerdamerdamerdamerdamerdamerdamerdamerdamerdamerdamerdamerdamerdamerdamerdamerdamerdamerdamerdamerdamerdamerdamerdamerdamerda

domingo, 8 de junho de 2008

sixth round

(ou como quem diz: última etapa de frequências para ficar licenciada)

sábado, 7 de junho de 2008

e assim se passou mais um dia 7, que nunca mais serão passados despercebidos aos meus olhos.

Portugal - Turquia

DONE!!!

memories continue to flash on the screen

Ao voltar a ouvir o meu ipod (que esteve perdido durante uns tempos cá por casa), são mais as vezes que carrego no botão para procurar a música seguinte, do que propriamente estar sossegada a ouvir tudo.
Porque durante três anos foram muitas as músicas que fizeram de banda sonora a momentos que ficaram gravados cá dentro. Ouvi-las agora é como se fossem pontas de alfinetes a espetar directamente na alma.

Annie Hall

la-di-da, la-di-da...

terça-feira, 3 de junho de 2008

"Era uma vez..."

Dá-me prazer ir às livrarias e passar os olhos pelas cores e desenhos das capas. Passar as pontas dos dedos pelos títulos em relevo gravados nas encadernações de capa dura. Andar por entre as prateleiras cheias de histórias e pegar num livro escolhido pelo titulo que me chamou a atenção, desfolhá-lo e aproximá-lo do nariz para cheirar as folhas ainda impecáveis, tique que tenho desde sempre. Contudo, prefiro particularmente os livros de folhas já amareladas com cheiro a humidade e a antigo. Prefiro aqueles livros com as páginas já usadas e relidas com frases sublinhadas, porque me parecem mais vividos pois já cumpriram o seu papel: fizeram alguém viajar pelas palavras. Quem nunca seguiu os carris negros impressos nas folhas brancas sem se deixar transportar, com a ajuda da imaginação, para lugares remotos, escutar conversas secretas, presenciar romances proibidos e visitar tempos passados e futuros?


(Jane)