terça-feira, 26 de maio de 2009

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Com o dia de hoje passou mais um mês. Mais um mês contigo. Mais um mês em que lanchámos quase todos os dias juntos. Mais um mês em que trocámos mensagens diárias. Mais um mês de momentos desinteressantes que vão fazer parte das nossas memórias. Só porque são os nossos momentos desinteressantes. Mais um mês em que embirrei contigo, de vez em quando, ou que não entendi o que quiseste dizer e explodi por ter interpretado de forma errada. Mais um mês em que tiveste paciência para os meus receios. Mais um mês passou, em que passeámos de mãos dadas pelas ruas e em que brincámos como duas crianças em cada canto que nos apeteceu. Apesar de ser apenas mais um mês, este foi dos mais intensos, por vários motivos e tu sabes porquê. Este mês, pela primeira vez, fizemos um trabalho juntos e o comentário da tua professora deixou-me tão contente como se tivesse tido um vinte num teste meu. Senti-me assim porque quiseste que eu te ajudasse, porque quiseste a minha opinião, mesmo sabendo que sou teimosa e que te obrigo a colocar acentos e que sou impaciente e que bato o pé e que elevo a voz mais do que o normal, por vezes. E eu aceitei, mesmo sabendo que és igualmente teimoso e que te descontrolas com a minha impaciência. Mais um mês em que me surpreendeste, principalmente hoje, com o teu discurso improvisado e com a lembrança tão original que me deste e que foi para a caixa logo que cheguei a casa. Foi mais um mês em que falámos da nossa casa e do nosso carro e de mais nossos e nossas. Foi o mês em que eu amuei por tu amuares e em que tu amuaste por eu amuar, em que chorei por chorares e em que choraste por eu chorar. A primeira discussão a sério. E a segunda. Este foi o mês em que me doeu mais estar contigo, mas foi também o mês em que muitas certezas se tornaram mais convictas em mim. Essas certezas não surgem só quando temos a mão na mão e o olhar preso um no outro. Nem quando estamos totalmente absorvidos pelo calor dos nossos corpos, entre gargalhadas e risos mais abafados. Essas certezas surgem quando olho para ti e te vejo com lágrimas nos olhos e a evitar que elas rebolem pela tua cara e sinto que isso me trespassa o corpo e a alma por te ver triste, mesmo que a minha raiva e a minha frieza e dor imperem. Surgem quando a primeira coisa que fazes quando estou a pôr o pé fora do autocarro é esticares a mão para encaixar na minha. Surgem quando acendes a luz do teu candeeiro para veres as manchinhas que voltaram a aparecer na minha pele. Surgem quando te emocionas a falar da primeira vez que me viste e quando me mandas tirar os dedos da boca quando me ponho a roê-los. Surgem quando fazes o teu sorriso de menino. Essas certezas tornam-se mesmo certezas quando, no meio de situações menos boas, o que sinto de tão grande por ti se mantém intacto. Quando dou por mim a associar-te a pormenores que me rodeiam e, mesmo quando não há associação possível, eu seja capaz de a fazer num piscar de olhos. Quando conseguimos ficar muito tempo em silêncio sem fazermos qualquer esforço em quebrá-lo, porque estamos confortáveis mesmo assim. Quando venho para casa e só me apetece estar contigo, mesmo que isso signifique uma noite claro por não conseguir dormir em camas que não sejam a minha. Mas mesmo assim há marcas que ficam e que corroem. Marcas que me fazem acordar sobressaltada com um aperto na garganta e com angústia. Marcas que me pedem lágrimas e me roubam as forças. E custa... tanto.

1 comentário:

Anónimo disse...

nao tenho palavras porque es perfeita e apesar dos problemas eu amote .
(nao me falas a 16 horas )=(

Luis