“Às vezes os melhores amigos num ano tornam-se apenas bons amigos, no próximo ano já não se falam, no ano seguinte não têm tempo para se falar… então, eu só quero dizer-te que, mesmo que nunca mais falemos, tu és especial para mim e fizeste muita diferença na minha vida. Eu preocupo-me contigo, respeito-te e adoro-te (…)”
Esta é mais uma daquelas mensagens que no fim dizem “Agora passa esta mensagem a mais-não-sei-quantos amigos teus só para darmos dinheiro às operadoras de comunicação”... À parte disso, a mensagem é muito verdadeira e descreve quase tim-tim por tim-tim o que me tem vindo a acontecer desde que entrei para a faculdade.
Ontem tive de aguentar as lágrimas no inicio da conversa com uma amiga minha, com quem raramente estou. Não porque não gostamos de estar juntas ou porque inventamos desculpas para não nos encontrarmos, mas sim porque o nosso dia-a-dia se passa em sítios opostos e em horários distintos.
Parece-me que este post vai ficar realmente infantil e mais vai parecer que é dedicado a um ex-namorado qualquer, mas a verdade é que há amizades que chegam a ter laços tão mais fortes do que muitas relações que andam por aí. E, para além disso, acho que expor o que vai cá dentro de uma forma mais simplista é bem melhor e, na verdade, há coisas que não se devem complicar. Às vezes, todos devíamos ser elementares em muitos aspectos, tal como as crianças.
Tenho saudades…
dos nossos ataques de riso que começavam nos sítios mais inapropriados e que nos faziam doer os músculos de tanto rir;
dos olhares cúmplices que tinham por trás comentários telepáticos que só nós entendíamos;
das conversas por papel nas aulas e da folha onde apontávamos as babuseiras que cada uma dizia;
das baldas às aulas para apanhar sol no pátio e da coreografia com as mãos que me ensinaste;
de quando já não me podias ver à frente porque te pedia para fazeres a tal coreografia comigo;
das conversas intermináveis na net onde só dizíamos disparates;
das explicações de inglês e de matemática contigo;
de te ouvir dizer que o bolo do lidl é óptimo e que estás gordíssima quando afinal continuas na mesma;
de te ouvir queixar do teu cabelo e dos teus espirros quando te tocava no nariz só para te chatear;
do teu ar adulto e misterioso quando achavas que tinha de ser;
do caminho a pé da escola até à paragem, onde nos riamos e riamos;
das expressões que só nós percebíamos;
de “uma tosta só de queijo”;
de dividir um folhado de maçã contigo;
do “buçaco”, do “hifas”, do “combas”, do “radas”, e por aí fora;
de te ver sempre com coisas da billabong e da tua paixão pelo gran cherokee;
dos teus ciúmes pelo papagaio Araújo e de dizeres que as ervilhas te deixam mal-disposta;
de comer waffle com chocolate quente e chantilly enquanto tu comes um com banana e chocolate;
dos passeios pelas lojas e do pouco que gostávamos das aulas de educação física;
de seres distraída e desastrada e de te acontecerem coisas cómicas.
Lembro-me…
da primeira vez que falámos, na aula de biologia;
de quando ias saindo da H&M com um cinto posto porque te esqueceste de o tirar;
de vestirmos as duas vestidos de festa iguais na loja e de dizerem que ficávamos bem;
de não me quereres acompanhar à loja de noivas porque tinhas vergonha;
das “portas abreeem”;
do teu pavor às aranhas;
de dizeres “já sabia que o dia ia correr mal, caiu-me a faca da manteiga logo de manhã!”;
que adoras vinagre;
das calças do diabinho dreads que tinhas (no fundo foi a nossa fase dread);
que me fazias companhia no almoço a casa;
que não sabias fazer bolos;
das músicas do nosso tempo e das saídas para o garage;
do passarinho que encontrámos no jardim e ao qual demos um nome qualquer;
de odiares que te tratem pelo primeiro nome.
Enfim, tenho saudades e lembro-me de tantas mais coisas que se não parar agora de escrever isto fica tão gigante que ninguém, nem mesmo tu, vai ter coragem para ler.
Marcaste mesmo a minha vida.
Adoro-te muito!