Reclamo, eu sei. Mas depois acabo sempre por me aperceber de que, afinal, gosto de fazer. Gosto de pesquisar na biblioteca, de subir aos bancos e esticar-me para tirar, do meio de centenas de livros às cores, aquele livro de que preciso, folheá-lo e dar-me gozo por ter encontrado precisamente o texto que me dá jeito. Levar uma pilha de livros nos braços para a reprografia. Chegar a casa, ler (em inglês claro, por as traduções são escassas) o que fotocopiei e sublinhar a cor-de-rosa o que sei que é importante. A partir do momento em que digito a primeira frase invade-me um prazer enorme, vontade de continuar durante horas e o que acontece é que muitas vezes me esqueço de comer. Dou por mim sentada no sofá, enrolada na manta e banhada em textos e em livros, que se espalham pela metade do sofá desocupada, pelo chão e pela cadeira aqui perto. Nos primeiros tempos de faculdade a minha mãe ainda reclamava com a desarrumação, eram mais suspiros e revirar de olhos do que palavras, mas agora já não diz nada, já percebeu que não vale a pena, que é este o meu método, que sou incapaz de trabalhar e de estudar no meu quarto. Porquê, não sei.
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