Há uns dias descobri esta relíquia numa das prateleiras cá de casa. Encafuado por detrás de uns livros, à minha espera, estava O Retrato de Dorian Gray, a terceira edição, que custou vinte escudos. E digo que estava à minha espera porque as folhas ainda estavam fechadas, como era costume antigamente, para comprovar que o livro não tinha ainda sido usado. Folheei as páginas com um enorme cuidado, pois parecem folhas de árvore secas de Outono, quebradiças e amareladas. O cheiro é intenso, um cheiro que me lembra o escritório de casa dos meus avós, a papel velho. E por pensamento mágico achar que este livro estava destinado a mim, comecei-o a ler ontem. E sabe tão bem voltar a sentir aquele anseio por chegar a casa e estiraçar-me no sofá a ler uma história envolvente que nada tem a ver com os livros da faculdade...
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