sexta-feira, 16 de maio de 2008

coisas

Assisti no outro dia numa loja de roupa:
ela - "Esta gente não sabe fazer calças! Não passam do meio das pernas!"
ele - "Uma coisa é não gostares das calças, outra coisa é acusares quem as faz. Tu tens as coxas grossas, queres o quê?!"
ela - "Vai po c$%&#%o! Só sabes fazer comentários tristes meu c%&$%o de m%&#a!"

quinta-feira, 15 de maio de 2008

hoje

Tarde de chuva irritante. Roupa inadequada para a cor do dia. Desviar da água das poças. Desviar da água que os carros espirram. Alguém que já não me fazia companhia há uns meses. Passar os dedos pelos titulos das capas dos livros porque são atractivos: têm cores e estão em relevo.

terça-feira, 13 de maio de 2008

aproximações


A minha imaginação continua a deixar-me decifrar as formas das nuvens quando desvio o olhar para cima. Sou assim desde pequenina. Lembro-me de ter uns quatro anos e ter medo de sair do prédio porque via no céu um dragão-nuvem.

faceta artistica testada

Aprovado.

domingo, 11 de maio de 2008

espreitar pela janela


(photografia por Jane)

sábado, 10 de maio de 2008

"Néant"


D.B.R.

Um lugar repleto de serenidade, que gostava que saisse do papel, para que fosse possivel eu percorrer o caminho cor de areia com os pés descalços e o corpo envolto em nada, e um sorriso escancarado caso as pegadas ao lado das minhas fossem as tuas.
Ocupo pouco espaço no mundo.

sexta-feira, 9 de maio de 2008


Porque me apaixonei, por vários motivos, quando o vi há dois anos.
Não quero sentir uma montanha-russa na barriga de todas as vezes que me recordo de ti.
Quero sentir uma montanha-russa na barriga ao mesmo tempo que a minha pele se arrepia com o teu toque.

quinta-feira, 8 de maio de 2008



Da minha janela vejo a lua a crescer.


(photografias por Jane)

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Os meus olhos brilham para as árvores de copa roxa salpicadas pela cidade.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

na sombra do cipreste


(photografia por Jane)

Ela acorda tarde. Noutra altura qualquer o motivo teria sido por ter ficado até às tantas a ler, ou a ver filmes, mas desta vez não. Aliás, nos últimos tempos não é isso que acontece. Ela acorda tarde porque não consegue adormecer. A partir do momento em que encosta a cabeça na almofada e afasta os cabelos para não lhe fazerem calor, todas as coisas que durante o dia tenta manter afastadas do pensamento resolvem aparecer. É quase como que se abrissem as portas de um armário que está atafulhado de coisas até cima durante muito tempo e tudo caísse para o chão num abrir e fechar de olhos. O silêncio e o escuro do quarto despoletam os pensamentos que, agora, parecem fluir com uma facilidade assustadora. Vira-se para o outro lado, como se isso fosse espantar o que se passa dentro dela, mas sem qualquer efeito. Algum tempo depois começa a conseguir adormecer, mas logo nos primeiros instantes é a cara dele que surge. É tão fácil para ela fechar os olhos, seja onde e quando for, e traçar mental e perfeitamente os contornos do corpo dele sem esquecer um único pormenor. Desde a linha do cabelo, passando pelos contornos perfeitos do pescoço. O toque na pele morena e macia ainda lhe permanece na ponta dos dedos. Finalmente adormece.

domingo, 4 de maio de 2008

medo

do que o médico amanhã me vai dizer.

sábado, 3 de maio de 2008

Se páro para pensar no que se passa, enlouqueço.

Hoje

Impressionou-me descer o Alvito, à noite, com as luzes estáticas da ponte como paisagem e com o efeito da luz das velas que cada um de nós trazia na mão.
Emocionou-me o andor, que ia à frente, ter parado exactamente à porta de casa da minha avó.
Gostei de ter percorrido as estradas, do sítio onde cresci, a pé, sem quaisquer preocupações, e com o ribombar dos tambores à minha volta.
Obrigar-me a engolir, com dificuldade, a vontade de ligar para combinar um encontro de cinco minutos na Praça ao pé de casa. Só porque não quero insistir, não quero incomodar.

Praia II


Os tons do mar.

Os pés na água.

Os pés na areia

A pegada.

Post Scriptum

Saudades. Amo-te. Beijo.

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Há 8 anos...

...carregava o meu discman verde na mochila para ouvir música no autocarro e nos intervalos, no muro do pátio do liceu, mas com todos os cuidados, se não arriscava-me a ouvir a música aos solavancos. Tinha de me limitar a um único CD, ou então, levar à parte uma bolsa do mesmo tamanho do discman, cheia deles.

...tinha uma mochila cinzenta e azul-escura da Quicksilver, que usava só pendurada por uma alça ou então com as duas alças e abaixo do rabo, de preferência.

...usava um guizo nas calças que se ouvia à distância e uma pulseira tipo fio-de-lavatório com mais um guizo e uma chave de cadeado. Também usava atacadores grossos, de cores. Bem, na verdade, queria ser dread.

...recebi o meu primeiro telemóvel. Era verde, tinha um visor rectangular minúsculo, era pesado e fazia questão de usá-lo no bolso das calças. Dávamos constantemente toques uns aos outros, coisa que ainda hoje não percebo por que fazíamos, mas na altura era importante.

...passava as noites no mIRC e baldei-me a uma aula pela primeira vez.

...tinha de colocar o olho no buraquinho da máquina fotográfica e passar o dedo para rodar uma peçazinha, de modo a colocar a máquina pronta para a próxima fotografia.


Há apenas 8 anos eu tinha 14 anos e era tudo bem diferente.

"Blue moon
You saw me standing alone
Without a dream in my heart
Without a love on my own…"
Ouve a rádio à meia noite. A primeira música é para ti.

O Caetano Veloso cantou.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Quando eu não te tinha
Amava a Natureza como um monge calmo a Cristo.
Agora amo a Natureza
Como um monge calmo à Virgem Maria,
Religiosamente, a meu modo, como dantes,
Mas de outra maneira mais comovida e próxima ...
Vejo melhor os rios quando vou contigo
Pelos campos até à beira dos rios;
Sentado a teu lado reparando nas nuvens
Reparo nelas melhor —
Tu não me tiraste a Natureza ...
Tu mudaste a Natureza ...
Trouxeste-me a Natureza para o pé de mim,
Por tu existires vejo-a melhor, mas a mesma,
Por tu me amares, amo-a do mesmo modo, mas mais,
Por tu me escolheres para te ter e te amar,
Os meus olhos fitaram-na mais demoradamente
Sobre todas as cousas.
Não me arrependo do que fui outrora
Porque ainda o sou.

Alberto Caeiro

trancada em mim