sábado, 30 de maio de 2009

Um dia de quase praia para mim. Já deu para ficar com a marca do biquini e com o cheiro do bronzeador na pele.

redshoes

Os sapatos encarnados de salto alto estavam no palco, iluminados, à espera duns pés. Mas não uns pés quaisquer. Num vestido acetinado, preto, ela desceu as escadas rudimentares e, com toda a graciosidade e desembaraço, calçou-os. Pegou na guitarra acústica e deu início a quase duas horas de músicas que estão no meu ouvido desde setembro. Emocionou-me duas vezes com a mesma canção e levou-me, por um longo momento, para uma lonesome town "where de broken hearts stay (...) to cry my troubles away". Saí de lá com o coração quente. Tal como a noite.

fantasmas

Caio de cara no chão, tento levantar-me ainda que um pouco desequilibrada, mas logo quando me começo a endireitar vem um e empurra-me para baixo de novo. Não consigo lidar com eles. Nem quero.

quarta-feira, 27 de maio de 2009


Um bebé ao colo transmite serenidade.
Iniciou-se o último mês de aulas. Veio a última semana. Ontem foi o último dia. Último dia de aulas destes quatro anos de curso. A nostalgia começa a aproximar-se, devagarinho. Mas por enquanto ainda não lhe posso dar atenção.
Percorri a rua dos plátanos como nunca tinha percorrido. Apática. Olhar no chão. Pensamentos repetitivos que me davam náuseas e aperto no coração. Não quero mais assim. Porque a rua dos plátanos é para percorrer a passos largos. Coração aos pulos e com os olhos sorridentes. Habituei-me assim.

terça-feira, 26 de maio de 2009

8

Com o dia de hoje passou mais um mês. Mais um mês contigo. Mais um mês em que lanchámos quase todos os dias juntos. Mais um mês em que trocámos mensagens diárias. Mais um mês de momentos desinteressantes que vão fazer parte das nossas memórias. Só porque são os nossos momentos desinteressantes. Mais um mês em que embirrei contigo, de vez em quando, ou que não entendi o que quiseste dizer e explodi por ter interpretado de forma errada. Mais um mês em que tiveste paciência para os meus receios. Mais um mês passou, em que passeámos de mãos dadas pelas ruas e em que brincámos como duas crianças em cada canto que nos apeteceu. Apesar de ser apenas mais um mês, este foi dos mais intensos, por vários motivos e tu sabes porquê. Este mês, pela primeira vez, fizemos um trabalho juntos e o comentário da tua professora deixou-me tão contente como se tivesse tido um vinte num teste meu. Senti-me assim porque quiseste que eu te ajudasse, porque quiseste a minha opinião, mesmo sabendo que sou teimosa e que te obrigo a colocar acentos e que sou impaciente e que bato o pé e que elevo a voz mais do que o normal, por vezes. E eu aceitei, mesmo sabendo que és igualmente teimoso e que te descontrolas com a minha impaciência. Mais um mês em que me surpreendeste, principalmente hoje, com o teu discurso improvisado e com a lembrança tão original que me deste e que foi para a caixa logo que cheguei a casa. Foi mais um mês em que falámos da nossa casa e do nosso carro e de mais nossos e nossas. Foi o mês em que eu amuei por tu amuares e em que tu amuaste por eu amuar, em que chorei por chorares e em que choraste por eu chorar. A primeira discussão a sério. E a segunda. Este foi o mês em que me doeu mais estar contigo, mas foi também o mês em que muitas certezas se tornaram mais convictas em mim. Essas certezas não surgem só quando temos a mão na mão e o olhar preso um no outro. Nem quando estamos totalmente absorvidos pelo calor dos nossos corpos, entre gargalhadas e risos mais abafados. Essas certezas surgem quando olho para ti e te vejo com lágrimas nos olhos e a evitar que elas rebolem pela tua cara e sinto que isso me trespassa o corpo e a alma por te ver triste, mesmo que a minha raiva e a minha frieza e dor imperem. Surgem quando a primeira coisa que fazes quando estou a pôr o pé fora do autocarro é esticares a mão para encaixar na minha. Surgem quando acendes a luz do teu candeeiro para veres as manchinhas que voltaram a aparecer na minha pele. Surgem quando te emocionas a falar da primeira vez que me viste e quando me mandas tirar os dedos da boca quando me ponho a roê-los. Surgem quando fazes o teu sorriso de menino. Essas certezas tornam-se mesmo certezas quando, no meio de situações menos boas, o que sinto de tão grande por ti se mantém intacto. Quando dou por mim a associar-te a pormenores que me rodeiam e, mesmo quando não há associação possível, eu seja capaz de a fazer num piscar de olhos. Quando conseguimos ficar muito tempo em silêncio sem fazermos qualquer esforço em quebrá-lo, porque estamos confortáveis mesmo assim. Quando venho para casa e só me apetece estar contigo, mesmo que isso signifique uma noite claro por não conseguir dormir em camas que não sejam a minha. Mas mesmo assim há marcas que ficam e que corroem. Marcas que me fazem acordar sobressaltada com um aperto na garganta e com angústia. Marcas que me pedem lágrimas e me roubam as forças. E custa... tanto.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Tenho uma máquina de fazer batidos. Tenho uma máquina de fazer batidos. Tenho uma máquina de fazer batidos. E nunca fiquei tão contente por um electrodoméstico entrar cá em casa!

terça-feira, 19 de maio de 2009

Tenho, quase todas as tardes, lanches de mimos compostos por batidos de chocolate e tostas ou torradas, que fazemos em conjunto no meio de risos e de brincadeiras. Não troco estes lanches por nada, tal como não troco os braços onde me enrosquei esta tarde numa sesta, por nenhuns outros. Num sonho bom a vida seria sempre assim.

domingo, 17 de maio de 2009

terça-feira, 12 de maio de 2009

8

de conhecimento, como digo.
8 desde o primeiro encontro.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Ainda não passaram quatro anos completos, mas ao ver-me num video de família que fizemos no Natal de 2005, consegui notar diferenças em mim. Há leveza nos gestos, pouco pensados, menos rígidos, mais espontâneos. A maneira de falar e a prontidão de respostas igualmente diferentes. Pareço menos formatada do que aquilo que me sinto agora. Com outra disposição, talvez. Menos sofrida. Contudo, menos rica de espirito, menos sabida. Será que isso era assim tão mau?

domingo, 10 de maio de 2009

Não posso mudar o mundo, mas posso acordar e pintar o céu de cores garridas, só com os meus olhos.
Ao passar umas aulas da faculdade a limpo:

O amor precisa de ser provado através de pequenos gestos. Quando se gosta, a pessoa age. Hoje sabe-se que só se ama se formos amados. Só consegue amor quem foi amado. O amor implica complementaridade: encontro dos corpos e dos espíritos, que implica o renascimento dos corpos e dos espíritos.

palavras

não passam disso mesmo, palavras. Ditas ou escritas.
Exijo passivamente. Não sou do género de mandar que me façam isto ou aquilo, que ajam como quero. Não sou assim. Prefiro esperar no meu canto para ver como as coisas se desenrolam, para ver se flúem conforme acredito que devem fluir. Quando acontece tudo ao contrário daquilo que espero, sinto-me traída, triste, vazia. Posta a um canto e ultrapassada. Fico assim sobretudo porque sei como iria reagir perante a mesma situação, conheço-me e sei que iria dar de mim. Abordar as coisas de outra forma. Infelizmente espero sempre mais, o que leva a desilusões. Deveria partir do principio que só se espera o nada, assim tudo o resto que venha por acréscimo é recebido com um sorriso de contentamento e surpresa. Mas não sou capaz de o fazer, porque não sou assim. Porque acredito que há um compromisso implícito para com certas pessoas que fazem parte de nós. Porque acredito que deve haver respeito e nada melhor do que nos colocarmos no lugar de quem está a sofrer para podermos repensar melhor a nossa posição e os nossos actos. Muitas vezes as respostas de que precisamos são-nos dadas apenas por esse pequeno exercício, que é deslocarmo-nos de nós mesmo e pormo-nos empaticamente no lugar do outro. Tudo fica mais claro. Nestes últimos dias, que não têm sido nada fáceis, aprendi com aquilo por que tenho passado (que, comparando com outras situações, não é nada), retirei lições daqui e dali, abriu-me os olhos para os limites de quem me rodeia.

2 mesinhos

de "bebé bom", como a minha irmã lhe chama muitas vezes.
Sou a tia madrinha mais babada.

segunda-feira, 4 de maio de 2009


Ajoelho-me para ficar mais pertinho de ti e passamos longos minutos a conversar no teu "baby talk". Já sorris muito quando te faço festinhas à volta dos lábios e quando te tento imitar nos sons. Já tomas a iniciativa para a conversa e mexes muito as pernas, de contentamento. Tens os olhos grandes e tens aquele cheirinho a bebé que se entranha nas minhas roupas. Consigo acalmar-te e adormecer-te ao meu colo, descobri como te fazer parar de chorar, mesmo que nem sempre resulte. Quando tens sono abres e fechas as mãozinhas e quando estás a mamar tens sempre uma mão fechada e outra bem aberta, com os dedinhos esticados. Antes de começares a chorar fazes uma careta e beicinho e só depois é que vem o som do choro. Aos poucos vais-te dando a conhecer. Estás a crescer.
Por ti, tenho a maior ternura.

calor de Agosto

sentido no outro lado do rio.

domingo, 3 de maio de 2009

Há receios que enluquecem até a pessoa mais racional. E eu estou farta deles, de mim assim e de fartar os outros, que apanham por tabela. Queria ser despassarada e deixar que as palavras me passassem ao lado. Queria não agir como uma advogada, que apanha todos os silêncios, cada entoação, cada gesto e que faz as mesmas perguntas de forma diferente para ver se algo não bate certo. Mas imaginar a possibilidade de algo não bater certo provoca-me náuseas, remexe-me o estômago e faz-me tremer as mãos. A possibilidade de me desiludir é uma ideia que me surge mas que foge depressa do meu pensamento, porque me iria causar um sofrimento tal que nem sequer consigo suportar essa ideia muito tempo no campo consciente. Não tenho motivos para isso. Eu sei e digo-o constantemente, muito pelo contrário. Então acredita, Joana.

sábado, 2 de maio de 2009

Apego-me demasiado às pequenas coisas, aos pormenores, às rotinas, ao que é agora e ao que conheço. Muitas vezes estranho as coisas novas, sejam elas quais forem. A ideia de que posso não me adaptar ou não gostar faz-me, por vezes, dar um passo atrás, mesmo quando o passo já foi dado em frente. Outras vezes vou em frente e bloqueio tudo o resto que me possa atrapalhar. Tudo isto porque ontem comprei um telemóvel novo e nele ficaram mensagens antigas. Assim que liguei o telemóvel novo fiz beicinho. Não sabia funcionar com ele e só pensava que tinha de recuperar as mensagens que ficaram no antigo. Ele disse-me: "são só mensagens, vais receber mais e bonitas". Mas isso não me basta, claro. Não a mim, que me lembro de cada contexto em que recebi cada uma, o porquê de as ter recebido, as horas e até das minhas respostas. Acho que não é muito positivo ser assim apegada a estas coisas... acho que os momentos de tristeza são mais frequentes, mesmo que sejam muito curtos. São dispensáveis.