
"You're polymorphously perverse"
Na semana passada fui passear com o sobrinho. Como o pai é chefe de recepção no Chiado (ou seja, está ali mesmo à mão), aproveitei para levá-lo lá para ver onde o pai trabalha. Chegámos e o pai fez questão de apresentar o filho ao director, todo cheio de formalidades, e o que se passou foi o seguinte:
Pai – T. cumprimenta este senhor.
Director – Olá T., então estás bom? (estica a mão para um suposto “passou-bem”)
Sobrinho – (ignora a mão e bate nas costas do director) então, ‘tá-se bem?
Escusado será dizer que o pai só queria enfiar-se num buraco! As influências dos “Morangos com Açúcar” levaram-no a ficar de castigo durante duas semanas sem ver o raio da série.
A mudança é um bicho-papão. A dúvida sobre o que vem depois, o receio do desconhecido, o medo de perder o porto seguro e passar a pisar areias movediças, faz com que a iniciativa para mudar determinados aspectos seja um processo complexo. No entanto, todos precisamos dela de vez em quando, mesmo que mais tarde nos venhamos a arrepender.
"Esperei por esta oportunidade durante 51 anos, nove meses e quatro dias. Este é o tempo que te tenho amado, desde o momento em que te vi, até agora (...) o meu coração finalmente realizou-se, e eu descobri, para minha alegria, que é a vida, e não a morte, que não tem limites."
Enquanto muita gente se queixa que, hoje em dia, quase ninguém conhece quem mora ao lado, no meu prédio acontece exactamente o contrário. Não só conheço os vizinhos do lado, mas como os da frente; os de baixo; os de cima (os barulhentos); os da diagonal; os que vivem dois andares acima de mim e por aí adiante. Às vezes digo que isto parece uma aldeia e confesso que, por vezes, é cansativo, embora seja raro.
Deu-me para dedicar um post aos meus vizinhos porque fiquei tocada por hoje nos terem vindo trazer um bolinho caseiro, de maçã e canela, ainda quente. Imaginei a preocupação da senhora a fazer o bolo e a esperar que saísse bem, de propósito, para nos oferecer. Mas não foi a primeira vez: nos meus anos, ofereceram-me o bolo das velas; não passa muito tempo sem que alguém nos traga um doce ou geleia caseiros, ou que a vizinha de baixo nos deixe na maçaneta da porta um saco com limões, ou laranjas ou alfaces, ou qualquer outra coisa, que trouxe da terra (cá está o estilo aldeia)...
São miminhos bons e já raros nos dias que correm. Sabe mesmo bem.