Olhando sobre o pátio para as paredes sujas, Tomas percebeu que não tinha a menor ideia se aquilo era histeria ou amor.
E afligiu-se por, numa situação na qual um homem de verdade saberia de imediato como agir, estar a vacilar e a privar da sua memória os momentos mais belos que já vivera (ajoelhado à beira da cama, pensando que não sobreviveria se ela morresse).
Irritou-se consigo próprio até perceber que, na verdade, era bastante natural que não soubesse o que queria.
Jamais nos é possível saber o que queremos, pois, vivendo uma única vida, não podemos compará-la às nossas vidas anteriores, ou aperfeiçoá-la em vidas futuras.
Era melhor ficar com Teresa ou sozinho?
Não há como testar qual a melhor decisão, porque não há base para comparação. Vivemos as coisas conforme elas se apresentam, desavisados, como um actor que entra num palco sem ter ensaiado. E de que vale a vida, se o primeiro ensaio para ela é ela própria? É por isso que a vida é sempre como um esboço. Não, "esboço" não é bem a palavra, porque um esboço constitui-se das linhas gerais de alguma coisa, a base de uma pintura, ao passo que esse esboço que é nossa vida é um esboço de coisa alguma, linhas gerais de pintura nenhuma.
Einmal ist keinmal, Tomas diz a si mesmo. O que só acontece uma vez, afirma o provérbio alemão, melhor seria que não tivesse acontecido. Se temos uma única vida para viver, melhor seria não ter vivido.
domingo, 18 de novembro de 2007
sábado, 17 de novembro de 2007
lei de Murphy
Não há vez nenhuma que eu abra as caixas de comprimidos que não me calhe no lado onde tem a bula! É certinho.
quinta-feira, 15 de novembro de 2007
o caminho de volta
O sol apanha-me sempre de frente ao longo de todo o caminho de volta. É-me impossível erguer a cabeça porque os olhos são sensíveis à luz que me encandeia. Mantenho-a baixa por obrigação, fixo as pedras brancas da calçada já gasta e nos meus pequenos pés, que todos os dias contribuem para a sua lenta deterioração. Sou incapaz de me abstrair dos ruídos característicos e das conversas noutros dialectos, apanhadas a meio, enquanto passo pelas esplanadas de toldos brancos e amarelos às riscas. Por enquanto, ainda não preciso da música escolhida meticulosamente em casa. Essa fica para depois, quando os ruídos circundantes se transformam unicamente em sons de motor e de conversas prosaicas. É nesse momento que, em curtos gestos, me deixo levar para onde a música, juntamente com os meus pensamentos e recônditos desejos, me quiser conduzir. Viajo dentro da viagem.
quarta-feira, 14 de novembro de 2007
terça-feira, 13 de novembro de 2007
"Inter-Restelo"
Antes de mais, há que dar uma passadela pelos pastéis de belém. De seguida, pedem-se informações aos transeuntes da paragem do 751 e confia-se no que eles dizem, porque têm cara de quem percebe da zona e tal. Desistimos de apanhar o autocarro porque o tal transeunte disse que a pé era mais fácil. Ora siga! Jerónimos, Planetário, Museu de Marinha, vira-se à direita e pedem-se mais informações (desta vez o transeunte seguinte admite que não percebe da zona). Andar no meio de prostitutas (e esta foi só uma das várias peripécias desta noite) pelas ruas principais e nocturnas da agradável zona do Restelo. E assim acaba o nosso inicio de noite: eu sem boina (deixada por esquecimento no taxi), sem termos encontrado o sitio onde tinhamos de marcar presença, e com os abdominais mais definidos pelas gargalhadas que se dá (obrigada Pimpa). Valeu pelos cheiros que nos chegavam das plantas e arbustos das embaixadas do Restelo.
segunda-feira, 12 de novembro de 2007
Tempo
"O tempo voa.
O tempo não espera por ninguém.
Tudo o que queremos é mais tempo.
Tempo para nos levantarmos.
Tempo para crescer.
Tempo para abrir mão das coisas.
Tempo..."
Meredith Grey
O tempo não espera por ninguém.
Tudo o que queremos é mais tempo.
Tempo para nos levantarmos.
Tempo para crescer.
Tempo para abrir mão das coisas.
Tempo..."
Meredith Grey
sábado, 10 de novembro de 2007
sexta-feira, 9 de novembro de 2007
quinta-feira, 8 de novembro de 2007
The Sound of Music (II)
Apesar de já ter visto "The Sound of Music" dezenas de vezes, consigo arrepiar-me e emocionar-me sempre da mesma forma. Não só pela história do filme, mas também porque me traz à memória quando eu era pequenina e estava na sala da minha casa antiga a vê-lo. Lembro de imitar a Liesl a saltar pelos bancos do jardim com o Rolf, mas nos meus sofás. Gosto dos vestidos, dos penteados e das paisagens. Fico pequenina outra vez, e quase que consigo ir mais longe e sentir o aconchego e os cheiros da altura. Para melhor evocar as recordações canto a "my favorite things", a "edelweiss", a "do re mi" e a "lonely goathered"
quarta-feira, 7 de novembro de 2007
dia-a-dia
hoje contaram-me: "cheguei ao bar e vi uma gorda-moderada, de costas para toda a gente, com metade do cú à mostra e o fio dental de pano verde-claro-descolorado-quase-branco e com um borboto à mostra!"
terça-feira, 6 de novembro de 2007
dia-a-dia
ela: e saudades? Há?
ele: saudades? essa palavra tao pretenciosa que só existe em portugues
ela: sim
ele: sabes como se diz isso numa certa lingua? Diz-se "dor"
ela: tens dores de mim?
ele: sim
ele: saudades? essa palavra tao pretenciosa que só existe em portugues
ela: sim
ele: sabes como se diz isso numa certa lingua? Diz-se "dor"
ela: tens dores de mim?
ele: sim
Diálogos
Schindler's List
[Schindler olha para o seu carro]
Oskar Schindler:Este carro. Goeth teria comprado este carro. Porquê que eu fiquei com ele? Dez pessoas logo ali. Dez pessoas. Dez pessoas a mais.
[remove seu distintivo nazista de ouro da lapela]
Oskar Schindler: Este distintivo. Duas pessoas. Duas pessoas a mais. Ele teria me dado duas por isso, no mínimo. Uma pessoa. Uma pessoa, Stern. Por isto. Eu poderia ter conseguido mais uma pessoa... e eu não fiz isso! E eu... não fiz isso!
Oskar Schindler: Eu poderia ter conseguido mais. Eu não sei. Se eu ao menos... Eu poderia ter conseguido mais.
Itzhak Stern: Oskar, há mais de mil e cem pessoas aqui que estão vivas por causa de você. Olhe para elas.
Oskar Schindler: Se eu tivesse feito mais dinheiro... Eu gastei tanto dinheiro. Você não tem ideia. Se eu ao menos...
Itzhak Stern: Existirão gerações graças ao que você fez.
Oskar Schindler: Eu não fiz o bastante!
Itzhak Stern: Você fez muito.
Itzhak Stern: Oskar, há mais de mil e cem pessoas aqui que estão vivas por causa de você. Olhe para elas.
Oskar Schindler: Se eu tivesse feito mais dinheiro... Eu gastei tanto dinheiro. Você não tem ideia. Se eu ao menos...
Itzhak Stern: Existirão gerações graças ao que você fez.
Oskar Schindler: Eu não fiz o bastante!
Itzhak Stern: Você fez muito.
[Schindler olha para o seu carro]
Oskar Schindler:
[remove seu distintivo nazista de ouro da lapela]
Pulp Fiction
Mia: "Don't you hate that?"
Vincent: "What?"
Vincent: "What?"
Mia: "Uncomfortable silences. Why do we feel it's necessary to talk about bullshit in order to be comfortable?"
Vincent: "I don't know."
Mia: "That's when you know you found somebody special. When you can just shut the fuck up for a minute, and comfortably share silence."
Vincent: "I don't know."
Mia: "That's when you know you found somebody special. When you can just shut the fuck up for a minute, and comfortably share silence."
Closer
Dan: O que fazes quando não amas mais?
Alice: "Eu não te amo mais, adeus!"
Dan: E se ainda amas?!
Alice: Não vais.
Dan: Nunca abandonaste alguém que ainda amavas?
Alice: Não!
Alice: "Eu não te amo mais, adeus!"
Dan: E se ainda amas?!
Alice: Não vais.
Dan: Nunca abandonaste alguém que ainda amavas?
Alice: Não!
segunda-feira, 5 de novembro de 2007
a gestão da vida
"Traçar potenciais caminhos futuros pode ter o mesmo significado que traçar desenhos na areia: quando a água da maré chega, todos os desenhos se desvanecem! É, então, necessário fazer novos traços."
in Manual de Comportamento Organizacional e Gestão
in Manual de Comportamento Organizacional e Gestão
domingo, 4 de novembro de 2007
problema de impressão
A minha impressora está, nada mais nada menos, do que em coma electrónico! Parece que escolhe as piores alturas para lhe dar o fanico! Grrrrr
hoje foste tu
Às vezes, o que nos parece ser um mar revolto e cinzento, no momento imediatamente a seguir já nos aparece como um mar tranquilo e transparente onde nos podemos movimentar de forma segura. Basta que algo faça "click" cá dentro. Pode ser um "click" de fora ou não. Mas hoje o meu "click" foram os teus abraços, o teu colo, foi a tua mão na minha e o humor, foi o teu cheiro que ficou na minha pele e que ainda agora o sinto...
sexta-feira, 2 de novembro de 2007
castanhas
Hoje comi castanhas, fi-las em casa. Ficam com um sabor diferente das que se compram na Rua Augusta ou no Rossio, eu acho.
A cor também é diferente e não sujam as mãos, mas aquecem-nas igualmente. Não vinham dentro do cone de papel feito com folhas das páginas amarelas, mas o recipiente era amarelo na mesma. Souberam-me bem, com manteiga a derreter por cima.
A cor também é diferente e não sujam as mãos, mas aquecem-nas igualmente. Não vinham dentro do cone de papel feito com folhas das páginas amarelas, mas o recipiente era amarelo na mesma. Souberam-me bem, com manteiga a derreter por cima.
King Cão
Na maior parte das vezes que chego a casa, pela hora de almoço, sirvo de porteira ao cão dos meus vizinhos do 3º andar.
Estou eu a aproximar-me do prédio e lá vem o cão (castanho, comprido e baixinho) encostar-se à porta como quem diz: “despacha-te, que já fiz o que tinha a fazer cá fora e agora quero ir para os meus aposentos.” Entramos os dois no prédio, (ele primeiro que eu, claro. Cão que é cão tem prioridade) e carrego no botãozinho para chamar o elevador, enquanto ele anda dum lado para o outro, impaciente (sim, porque cão que é cão não espera). Entramos no elevador (ele primeiro que eu, mais uma vez, ora pois claro), eu lá carrego para o 3º andar e, durante a viagem, sou intimidada por uns olhares de desconfiança (deve ter medo que o leve a dar uma voltinha até ao 8º andar e que o deixe por lá). Chegamos, eu abro-lhe pela terceira vez a porta (lá está a razão pela qual sou porteira do cão) e vou-me embora sem esperar qualquer gesto de agradecimento ou de cavalheirismo, como já era de calcular após me ter passado à frente duas vezes. Estou eu a passar o 4º andar e começo a ouvir o cão a ladrar à porta da sua casa, para que lhe abram a dita (cão que é cão tem porteiros). Como pessoas bem treinadas que devem ser, calculo que abram a porta ao dono.
Estou eu a aproximar-me do prédio e lá vem o cão (castanho, comprido e baixinho) encostar-se à porta como quem diz: “despacha-te, que já fiz o que tinha a fazer cá fora e agora quero ir para os meus aposentos.” Entramos os dois no prédio, (ele primeiro que eu, claro. Cão que é cão tem prioridade) e carrego no botãozinho para chamar o elevador, enquanto ele anda dum lado para o outro, impaciente (sim, porque cão que é cão não espera). Entramos no elevador (ele primeiro que eu, mais uma vez, ora pois claro), eu lá carrego para o 3º andar e, durante a viagem, sou intimidada por uns olhares de desconfiança (deve ter medo que o leve a dar uma voltinha até ao 8º andar e que o deixe por lá). Chegamos, eu abro-lhe pela terceira vez a porta (lá está a razão pela qual sou porteira do cão) e vou-me embora sem esperar qualquer gesto de agradecimento ou de cavalheirismo, como já era de calcular após me ter passado à frente duas vezes. Estou eu a passar o 4º andar e começo a ouvir o cão a ladrar à porta da sua casa, para que lhe abram a dita (cão que é cão tem porteiros). Como pessoas bem treinadas que devem ser, calculo que abram a porta ao dono.
Real life only comes in shades of GREY
"At the end of the day, when it comes down to it, all we really want is to be close to somebody. So this thing, where we all keep our distance and pretend not to care about each other, is usually a load of bull. So we pick and choose who we want to remain close to, and once we've chosen those people, we tend to stick close by. No matter how much we hurt them, the people that are still with you at the end of the day - those are the ones worth keeping. And sure, sometimes close can be too close. But sometimes, that invasion of personal space, it can be exactly what you need."
Meredith Grey
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