quarta-feira, 31 de dezembro de 2008
em jeito de desabafo
segunda-feira, 29 de dezembro de 2008
distâncias
síntese
Vou-me recordar sempre do dia 1 de Julho, quando soube que a minha irmã estava grávida do meu segundo sobrinho. Comprei o teste e obriguei-a a fazer cá em casa. Foi uma alegria imensa que daqui a poucas semanas se tornará ainda maior.
Os dias que antecederam a minha ida para a ilha foram um sufoco, um misto de expectativa, de receio, de coragem, uma decisão tomada quase por impulso, até minutos antes de entrar para o avião, de que não me arrependo. Chegada lá, foram quase duas semanas a recordar locais de infância, a ser acarinhada por quem já não me via há anos, a conhecer pessoas novas, sem horários, sem pressas, sem controlos, sem pensar em nada a não ser para onde ir no dia seguinte ou nessa mesma noite. Totalmente por minha conta, consegui encontrar os pedacinhos cá dentro que se tinham desmontado e voltei a juntá-los, com a ajuda das tardes mergulhada no oceano transparente e morno, da areia aveludada na pele, do som das ondas nas rochas, dos pássaros nocturnos e, surpreendentemente, com a ajuda das (apenas) três horas de sono por noite. Dei provas a mim mesma, provas de que precisava e que me fizeram recuperar o fôlego que há tanto precisava. Foram libertas saudades de quatro anos.
A meio do verão conheci um rapaz, à porta da casa do lado. Durou não mais de três minutos e lembro-me que fiquei tão embaraçada que nem lhe consegui olhar para a cara. Quanto à minha, sei que ferveu e que só desejava que não se notassem as rosetas em cada bochecha. Daqueles três minutos o que me ficou gravado na memória foi um rapaz alourado, altíssimo, que teve de se baixar para me cumprimentar e que estava com uma camisola preta sem mangas. Esses três minutos fizeram-me vir para casa rir da situação que me deixou envergonhada e surpreendida, mas mal sabia eu que poucos meses depois esse mesmo rapaz altíssimo e alourado ia entrar na minha vida com toda a persistência e paciência suficientes que alguém precisa de ter para lidar comigo. Continuo sem saber para onde vamos, quanto tempo vai durar nem como vai ser depois. Claro que tenho medo, e tanto. Mas neste momento tento convencer-me de que nada disso importa (o que para mim, que tenho planos e penso sempre inevitavelmente a longo prazo, é uma tortura). Estamos juntos. Depois de tardes de final de verão resfriadas na rua, depois de beijos roubados, de amuos, de barreiras que pareciam inquebráveis e da minha teimosia. Estamos juntos. Agora de mãos entrelaçadas na rua, de beijos partilhados, de lutas que começam no sofá e acabam no chão do corredor, de lambidelas na cara que arrepiam as pernas, de recordações de um concerto partilhado, de músicas e de expressões que já fazem parte, de dias passados com atenção ao telemóvel, de escapadelas, do olhar pousado no outro olhar em que, eu juro que acredito, que o mundo lá fora pára. Sinto a paixão e a montanha-russa na barriga que eu queria sentir há muito tempo. A borboleta fez as coisas bem feitas e na altura certa e eu sei que ela esteve presente no início, a ver o que se passava naquelas tardes em que respirávamos o ar puro dentro da cidade. Claro que continuo sem saber o que se vai passar depois, mas o que tive nestes três meses foi só meu e o melhor de tudo é que eu tenho comigo o menino com os olhos mais pestanudos que eu já vi e que me fazem cócegas na cara e com o sorriso mais bonito e provocador do mundo.
quinta-feira, 25 de dezembro de 2008
Antigamente era tudo diferente, parecia que o Natal abarcava o mês quase todo de Dezembro e que era tudo muito mais quente e aconchegante. Se calhar porque era pequenina. Antigamente era eu que embrulhava os presentes em cima da mesa grande cá de casa, toda contente. Agora vem quase tudo embrulhado das lojas e, o que não vem, embrulha a minha mãe porque eu nem ouso perder tempo de estudo. Antigamente eu via a cassete do Babar no dia 25 e passava a tarde de dia 24 a ver o Sequim d’Ouro, em casa da minha avó, enquanto se preparavam as comidas. Lembro-me da porta da sala ter de estar sempre fechada por causa do frio que vinha do resto da casa grande e antiga. Antigamente, depois de jantar, íamos a pé a casa dos meus tios fazer a troca dos presentes e voltávamos para casa da minha avó, onde me era permitido começar a abrir os presentes antes da meia-noite porque começava a ficar irrequieta e impaciente pois as horas pareciam nunca mais passar. Agora, a meia-noite chega num instante. Antigamente era eu que recebia as caixas enormes embrulhadas com papéis de cores e de laçarotes. Abria tudo com um sorriso de expectativa e tinha as pessoas debruçadas para ver a minha reacção. Agora, é o meu sobrinho que está no meu lugar e, em breve, o lugar dele vai ser ocupado pelo irmão que vai nascer. Admito que tenho inveja, sei lá, ou ciúmes… ou se calhar só queria que o Natal fosse sempre igual às minhas lembranças, que as pessoas fossem sempre as mesmas e que o quentinho da sala fosse precisamente o mesmo.
quarta-feira, 24 de dezembro de 2008
I.
terça-feira, 23 de dezembro de 2008
sábado, 20 de dezembro de 2008
quase nas 30 semanas
quinta-feira, 18 de dezembro de 2008
Sentada de costas para o caminho, ia-se distraindo com a paisagem, já conhecida, através das enormes janelas do autocarro. Estava frio, as luvas mantinham-se calçadas e a gola do casaco bem puxada para cima. As pessoas entravam e saíam no seu destino sem que ela se apercebesse, pensava em tudo e ao mesmo tempo conseguia não pensar em nada, apenas concentrando-se no que se passava lá fora, que passava depressa. Muita coisa deveria passar com tanta rapidez assim. Por vezes, a luz do sol incidia directamente sobre os seus olhos e obrigava-a a fechá-los com força, o que a fez recriminar-se por se ter esquecido dos óculos escuros em casa, em cima da mesa, Alguém começou a falar mais alto ali perto e isso fê-la desviar a sua atenção da paisagem e dos seus pensamentos e, sem querer, passou os olhos de relance pelos passageiros e reparou nele, em pé, de olhos fixos nela, sabia-se lá há quanto tempo. Mal se apercebeu que tinha sido descoberto, apressou-se a desviar o olhar. Os olhares cruzavam-se e desviavam-se instantaneamente, várias vezes. Ela, que se ria para dentro, em breve começou a ter vontade de sorrir e virava a cara para não dar nas vistas. Ele lembrava-lhe alguém e ela não tardou a aperceber-se quem. Apenas tinha os olhos mais esverdeados e o cabelo não se comparava aos fios loiros originais, mas os gestos, a expressão e a postura eram iguais. Ficaram neste jogo de olhares ainda uns minutos até que alguém lá atrás gritou o seu nome e disse que ele tinha ali lugar para se sentar. Ela repetiu o nome dele para dentro umas dez vezes, com um medo irracional de se esquecer. Pouco depois saíam na mesma paragem, ela primeiro, no seu passo apressado porque já estava atrasada e ele mais atrás, acompanhado de três amigas. Ela voltou a cabeça para trás algumas vezes enquanto atravessava a estrada a correr, mas ele já estava longe. Continuou o seu caminho, a repetir o nome dele, como se isso significasse que era o suficiente para dar um rumo diferente ao final que estava a decorrer…
quarta-feira, 17 de dezembro de 2008
livros
Perco-me nas livrarias e isso não é novidade. Hoje perdi-me mais uma vez, de mala a tiracolo para me deixar as mãos livres, completamente absorta enquanto caminhava a passos curtos e lentos prateleira a prateleira. Os olhos não param, procuram títulos, viram-se para as capas mais apelativas e segue-se o toque nas capas brilhantes, baças, macias e com títulos em relevo. Depois vem o cheiro, a minha eterna mania de abrir os livros e cheirá-los, tal como acontece com as revistas. Pego nos livros, leio as contracapas, volto a pousá-los. Enquanto isto, penso que se fosse rica, metade da fortuna seria gasta em livros. Ia esvaziar as prateleiras das livrarias e formar pilhas de livros nos recantos da minha casa. Mesmo que não os conseguisse ler todos, ao menos sabia que os tinha, que era uma riqueza já adquirida. A imaginação recua e volto à realidade porque há títulos nos livros que me despertam memórias, mas nesses não ouso pegar. Olho para eles ao longe, aproximo o olhar e sorrio, apenas.
terça-feira, 16 de dezembro de 2008
o que falta para a catarse ser completa?
segunda-feira, 15 de dezembro de 2008
domingo, 14 de dezembro de 2008
sábado, 13 de dezembro de 2008
sexta-feira, 12 de dezembro de 2008
três meses de encontros
Bebo Norman
Às vezes acredito mesmo que não há coincidências.