segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Baraka


Vi este documentário de 1992 (dirigido por Ron Fricke) pela primeira vez no meu primeiro ano de curso, projectado no auditório de madeira da faculdade. No início ouviam-se risos baixinhos para o lado, mas depressa os olhos ficaram esbugalhados devido às cores, sons e movimentos que foram projectados ao longo de hora e meia.

Acredito que não encante todas as pessoas como me encantou a mim, uma vez que não contém diálogos, narrações nem uma sequência de cenas coesa, apenas cantos, rezas, sons da natureza, entre outros.

Baraka significa “sopro de vida”, por isso, tal conceito não podia ter sido melhor escolhido para intitular este documentário, pois trata-se de uma apresentação de contrastes e paralelos que mostram como há uma interligação entre os imensos povos, apesar das desigualdades de religião, costumes e dialectos.
As imagens, que nos enchem os olhos, e os sons tanto inquietam como relaxam, provocam lágrimas e sorrisos, fazem-nos reflectir. Um documentário perfeito.

domingo, 10 de fevereiro de 2008

lembranças

Sorrio quando me lembro que, quando era mais pequenina, cantava na sala-de-estar da casa da minha avó a música Desfolhada* (interpretada pela Simone de Oliveira no Festival da RTP em 1969) e imitava tal e qual a Simone de Oliveira, fazendo a minha avó rir. Acho que o fazia apenas porque a minha avó achava graça, porque gostava de a ouvir rir.
* (não me perguntem porque é que me deu para cantar essa música)

Ribeira - Porto


(photographia por Jane)

=)

Comprar um bom livro a 3€ na "Quinzena da Música e do Cinema" no Mercado da Ribeira

pôr-do-sol a bordo do cacilheiro, no tejo


(photografia por Jane)

sábado, 9 de fevereiro de 2008

ser tia

Ser tia implica fazer convites para a festa de anos do sobrinho (que é o que estou a fazer neste momento); implica passear pela cidade à procura dum sitio para a festa do sobrinho; implica estar presente na festa do sobrinho a monitorizar as crianças amigas do sobrinho (que é o que vou fazer brevemente); implica ajudar no lanche para a festa do sobrinho (idem idem).

Implica (já agora) jogar às damas com o sobrinho no messenger vezes sem conta só para o fazer feliz; fazer caretas no espelho enquanto corta o cabelo, no barbeiro, só para o sobrinho se rir e não ficar triste por o cabelo estar a ficar mais curto do que devia; segurar na mochila e no sumo do sobrinho enquanto ele resolve jogar à bola com os amigos à última da hora; abdicar do último bolo para o sobrinho comer; fazer os fatos do sobrinho para as festinhas do colégio; comparecer nas festinhas todas do colégio e fotografar o sobrinho mesmo que tenha de passar à frente das pessoas; emocionar-me nas festinhas do colégio do sobrinho.

Sou a tia “Nana” (Jane)

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

O que há em mim é sobretudo cansaço - Álvaro de Campos

O que há em mim é sobretudo cansaço
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.

A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto alguém.
Essas coisas todas -
Essas e o que faz falta nelas eternamente -;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.

Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada -
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...

E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço.
Íssimo, íssimo. íssimo,
Cansaço...

ao Filipe, que acha que é menos importante só porque ainda não lhe dediquei um post


11 anos de história, meu amigo. Não é para todos!
Já sabes tudo...

Gilles Apap


Tive o prazer de, há uns meses largos, poder assistir a um concerto bem informal do violinista Gilles Apap, no Salão Nobre do Conservatório Nacional. Tinha acabado de o conhecer através do youtube e, quando soube que ia ter oportunidade de ouvi-lo ao vivo, foi fantástico.
Gilles Apap foi já intitulado "The Violinist of the twenty-first century" por Yehudi Menuhin. Distingue-se não só pelo seu à-vontade em palco, mas também por combinar espantosamente música clássica com jazz e música cigana.
Dêem uma vista de olhos neste video e deliciem-se: http://www.youtube.com/watch?v=VmjGDBWZZFw

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

P.R.F.C.

Parabens a ti, de quem há mais de um ano que não sei nada.
Nem sei se mereces este post...

my passion


(Jane)
Um dia ainda ainda vou ter uma daquelas máquinas grandes e pretas, que se focam manualmente. Ah! E um documento a dizer que sou fotógrafa.

Eu

Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho, e desta sorte
Sou a crucificada... a dolorida...

Sombra de néve ténue e esvaecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida!...

Sou aquela que passa e ninguém vê...
Sou a que chama triste sem o ser...
Sou a que chora sem saber porquê...

Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver
E que nunca na vida me encontrou!

Florbela Espanca


o meu soneto preferido desde o momento em que o li, pela primeira vez, há anos.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008


(Jane)
Tentei. Desisti. Voltei a tentar.
Tive a sorte de me oferecerem uma guitarra, mas não consegui fazer soar dela mais do que meia dúzia de acordes, os quais nem o nome sei. Confesso que foi em grande parte por impaciência minha, queria ser capaz de tocar logo tudo duma só vez e o tempo que leva a aprender a posicionar os dedos em cada acorde, e a mudar de um para outro rapidamente, é mais longo do que a minha paciência tolera. É pena. Aprendi a interpretar as tabs, por isso o esforço até nem foi em vão. Mas confesso que adorava saber tocar, sempre achei que ficava bem uma mulher a tocar guitarra, assim como violoncelo. Sensual.
Voltei a tentar. Desisti.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

e foi assim

Acordei, olhei para o espelho e achei que algo devia mudar. Comecei pelo mais fácil: cabelo! Despedi-me facilmente dos fios longos, dei alguma sindicações à P. sobre o que eu queria e... voilà!
Gosto.

domingo, 3 de fevereiro de 2008

procura-se

Gelado SKY, da famosa marca "Olá". Desaparecido nos anos 90.

Caracteristicas: cobertura de chocolate, natas no interior e núcleo de chocolate tufado. Papel envolvente de cores azul e prateado.

Recompensa: aproximadamente 80$

saída *


* precisa-se
(photografia por Jane)

de um fôlego só

vontade de sentir o sabor dos cheiros e as cores dos sons que me perseguem desde que sorri para o mundo sair de casa pela janela e flutuar até tocar nas pedras do chão chegar à beirinha de um precipício desequilibrar-me e experimentar o medo da queda sem cair seguir as formigas e conseguir finalmente perceber o que se passa dentro do formigueiro pintar a cara com pós brilhantes de cores fantásticas e vestir-me de cetim gritar histericamente para a almofada que me abafa até sentir veias a latejar cortar o cabelo pintá-lo de branco lamber pedras de gelo para matar a sede mergulhar numa piscina quente com sapatos calçados pisar algodão de cores pálidas descalça para sentir a maciez da pele dum bebé tocar na chama da vela púrpura que cheira a alfazema que está no mel que não queima os dedos entornar a cera derretida para a palma da minha mão arriscar um beijo no carro que toca música piscar o olho a uma criança que roubou rebuçados de frutos silvestres encher os bolsos de tecido de cambraia com bons momentos provocar gargalhadas com um salto subir para o barco à vela de patins descer uma rua inclinada onde no fim há abraços abertos que me esperam pintar os carros com cornucópias esbatidas pelo sal do mar verter todos os perfumes do mundo para uma banheira lamber dos dedos o chocolate derretido misturado com leite condensado receber cartas lacradas de encarnado sangue estalar os dedos trabalhar no moinho de vento mais antigo arrepiar-me com o toque quente que nunca senti pintar telas maiores que eu com pincéis de vernizes das unhas construir amizades com índios cheios de missangas e penas... ... ...

sábado, 2 de fevereiro de 2008

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

cenas-cliché

Quando digo que gostava que a minha vida tivesse “semelhanças-idênticas” com cenas de filme, refiro-me mesmo àquelas cenas típicas que aparecem em quase todas as comédias românticas e que já se tornaram um cliché. Cliché nos filmes, porque na vida real não há cliché nenhum, pelo menos na minha.

Um dia ainda me hei-de cruzar com um rapaz lindíssimo numa esquina, derrubar-lhe os livros que tem empilhados em ambas as mãos, fazer uma cara atrapalhada, pedir desculpa e logo a seguir cair-me como por magia um cartão do bolso, sem eu dar por isso, com o meu nome e número de telefone, através do qual ele me vai contactar.

Depois desde episódio, uns tempos mais tarde, vamo-nos beijar à chuva, que vai começar de repente e torrencialmente, embora o céu parecesse límpido.

Claro que vão existir discussões e uma delas vai ser em pleno restaurante e vai acabar comigo a levantar-me e a entornar um copo cheio de champagne (ou outra qualquer bebida) no colo dele, ou então directamente para a sua carinha linda de morrer. Claro que eu, orgulhosa e impulsiva como sou, vou resolver partir para longe e é aqui que entra a cena do aeroporto. Ele vai-me impedir de entrar num avião para o outro lado do mundo e a reconciliação vai acabar com uma declaração incluindo as frases “és a mulher da minha vida”, “amo-te” e com um beijo longo e apaixonado enquanto as pessoas da sala de embarque batem palmas.

E pronto, foi só um exemplo.

quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Mmmm

bolacha maria com manteiga.

lufada de ar fresco

Acordei cedo, equipei-me e saí de casa apenas com o essencial dentro duma bolsa, à cintura. Apesar de não me estar a sentir no auge não só pela roupa desportiva que tinha vestida, mas também pelo aspecto do meu cabelo e da minha cara de sono, ouvi um “ui meu Deus” sussurrado ao meu ouvido por trintão qualquer de menos bom aspecto.

Lá fui eu e a P. fazer exercício para o rio. Sabe tão bem a brisa da manhã a bater na cara, com a paisagem-postal do rio, da ponte, dos barcos e das gaivotas…

Começámos com abdominais e alongamentos e acabámos duas horas e pouco depois nas amoreiras. Percorremos parte de Lisboa a pé (24 Julho, Rua do Alecrim, Príncipe Real, Rato e Amoreiras), leves e cheias de vontade. A repetir!

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

sede do fim

Fui assistir à defesa de tese da irmã dum amigo meu, na minha faculdade. O objectivo era ver como a coisa funciona na prática, ir-me ambientando à famosa sala de actos e mentalizar-me do que me vai acontecer daqui a (espero eu) dois anos.
No fim, partilhei da alegria dela e imaginei como seria se fosse eu. Tenho quase a certeza que vai ser um dos dias mais felizes da minha vida, vou sentir um alívio enorme e ao mesmo tempo uma grande responsabilidade porque vou ter um papel a sério no mundo, não é que já não o tenha, mas vai haver um documento a sério que o vai provar.
Queria muito já estar no momento exactamente a seguir a saber a nota da tese. Na minha opinião é, sem dúvida, o melhor. É quando se fazem dezenas de telefonemas e se mandam outras tantas mensagens a dar a noticia, quase sem fôlego, com um sorriso escancarado e olhos brilhantes. É quando mais uma etapa foi cumprida e há um sentimento de realização e satisfação bem merecidos.

Peyton Place - 1957




Um filme de Mark Robson

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

pechinchas

Há lá coisinha melhor que ir aos outlets e comprar camisolas giras e boazinhas a 2€ e a 0.99€?

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

férias

Férias?!
Graças à incompetência da minha faculdade ainda não me sinto segura o suficiente para poder gritar a plenos pulmões, de cima dum telhado no meio da cidade: "ESTOU DE FÉRIAS!"