sábado, 29 de dezembro de 2007
sexta-feira, 28 de dezembro de 2007
"tu és uma fábrica de lembranças"
Até as boas recordações são fundamentais para o Harry Potter derrotar um Dementor.
quarta-feira, 26 de dezembro de 2007
quero cenas de filme na minha vida
Quero daquelas cenas típicas que só acontecem nos filmes, que fazem chegar as lágrimas e suscitam sorrisos rasgados de espanto e felicidade. E de paixão.
Quero surpresa, acção, assombro.
por vezes...
terça-feira, 25 de dezembro de 2007
para o ano...
segunda-feira, 24 de dezembro de 2007
pequenas diferenças
Estou sentada mesmo perto da árvore, que já tem alguns presentes para mim, e a pensar como há uns poucos anos isto não seria possivel. Ainda há bem pouco tempo arranjava estratagemas para tentar descobrir os presentes pela casa e, se os encontrasse, admito que nem pensava duas vezes antes de abrir uma pontinha do embrulho para, depois, voltar a fechar como se nada se tivesse passado.
Hoje, os presentes estão a três pequenos passos de mim e não tenho qualquer intenção em abri-los antes da hora. Confesso que, de vez em quando, lhes deito um olhinho, mas discretamente. Parece que a curiosidade não se perdeu totalmente com a idade.
domingo, 23 de dezembro de 2007
"Morrer de véspera ou arriscar um beijo"
Quem é que nunca se arrependeu por não ter arriscado um beijo?
a casa dos meus avós
Amanhã é véspera de Natal e, nestes dias, mais do que nos outros, é impossível não me recordar, com carinho, dos meus Natais de antigamente. Eram sempre passados na casa dos meus avós, eu era pequena e a casa era relativamente grande, muito antiga e cheia de história. Antiga o suficiente para que os meus bisavós tenham lá vivido desde sempre e especial o suficiente por ter sido onde a minha avó nasceu.
Sempre fui de me encantar por coisas antigas, por pormenores e por me deixar levar por pensamentos que surgissem apenas pelo simples acto de pegar num objecto. Por isso, aquela casa me dizia tanto. Havia um álbum mesmo antigo, que fiz questão que ficasse comigo, de capa dura, desenhada e com um fecho, onde estavam expostas fotografias grossíssimas e antiquíssimas a preto e branco, algumas com datas escritas atrás, com crianças de caracoizinhos, mulheres de vestidos com espartilhos e de penteados complexos e homens fardados com monóculos. Fazem parte da família e, de tão antigos que são, nem a minha avó conseguia identificá-los.
Gostava de abrir as gavetas do toucador do quarto dos meus avós e de experimentar o pó de arroz e os brincos brilhantes, mas de mola. Era no guarda-fato, de dimensões maiores do que o normal, que eu encontrava vestidos, estolas e carteiras do tempo em que a minha avó era mais jovem e conseguia ainda sair à rua. Eu arranjava maneira de caber dentro dos largos vestidos e admirava-me ao espelho, sonhando e ansiando pelo dia em que tivesse tamanho e autorização para sair de casa com trajes semelhantes, embora mais modernos.
O sótão era o sítio que mais me encantava. Sempre que alguém dizia que tinha de lá ir buscar qualquer coisa, ou guardar qualquer coisa (que era o que mais frequentemente acontecia), eu fazia questão de ir também. Abrangia todo o espaço da casa, era muito abafado, estava repleto de todo o tipo de coisas e tinha cheiro a pó. Pó esse que dava para ver perfeitamente através da luz que entrava pela clarabóia. Ao fundo, estavam empilhadas malas de viagem, antigas, que mais pareciam baús. Dentro de uma caixa, dezenas de cartas umas sobre as outras presas com um cordel de nó e laço bem feitos, difíceis de desfazer, como que se declarassem que assim deviam permanecer as correspondências feitas, há muito, entre Lisboa e Moçambique.
Na véspera de Natal, eu ficava na sala quentinha a fazer companhia à minha avó, enquanto a minha mãe e a minha tia estavam na cozinha a preparar a ceia. Lembro-me que víamos sempre o Sequim d’Ouro na televisão que só apanhava os quatro canais e que, mesmo assim, às vezes era preciso dar uma pancadinha de lado para que a imagem aparecesse nítida. Os enfeites da árvore e da casa eram sempre os mesmos e era eu que ajudava a montar o presépio e a árvore de Natal.
Recordo-me de Natais mais felizes do que outros, de Natais em que nem todos puderam estar presentes e até do meu último Natal naquela casa. Foi há quase oito anos e ainda agora, se fechar os olhos, consigo sentir o cheiro e o calor, descrever pormenorizadamente cada divisão da casa, ouvir o constante ruído do ranger do chão de madeira antiga de cada vez que alguém o pisava e, o que me dá mais saudades: ouvir a voz e o riso da minha avó.
sábado, 22 de dezembro de 2007
terça-feira, 18 de dezembro de 2007
domingo, 16 de dezembro de 2007
sábado, 15 de dezembro de 2007
três
sexta-feira, 14 de dezembro de 2007
quarta-feira, 12 de dezembro de 2007
6h30
Há algum tempo que não saia à rua tão cedo, o mais próximo disso foi no tempo em que chegava a casa quando as pessoas já madrugavam para o trabalho. Mas nessa altura era o meu prolongamento da noite, hoje foi o início do meu dia.
O frio era lancinante e encontrava a minha pele, apesar do cuidado esforçado de não deixar nada mais à mostra do que o necessário. Estava escuro e, ao passar pelo viaduto, à direita, vi o Cristo-Rei e a Ponte num céu de fundo alaranjado e azul mais claro que fazia adivinhar um dia de sol gélido.
Não se encontrava uma única pessoa na Rua Augusta. A rua que, três horas depois, estaria repleta de transeuntes, pedintes, vendedores de flores e de castanhas, de empregados de esplanada agitados e de clientes empertigados. Deu-me, subitamente, uma enorme vontade de percorrê-la em passo rápido até ao fim, dar saltos e voltinhas e fingir, por momentos, que a baixa era só minha. Mas tinha pressa e o céu começava a ficar azul claro, límpido. Fiquei-me pelo pensamento. O frio continuava a incomodar e isso fazia-me quase correr para chegar ao fim do caminho, onde sabia que ia encontrar um ar-condicionado com temperatura bem amena. Os olhos humedeceram-se devido ao frio, ou por ter passado pelo sem-abrigo a dormir à porta da igreja, enrolado em cartões e num único cobertor de padrão azul-escuro que o cobria até à cabeça. Continuo o meu caminho mas, agora, já com outro espírito. O frio continua lá, mas incomoda bem menos depois daquela imagem.
segunda-feira, 10 de dezembro de 2007
domingo, 9 de dezembro de 2007
Fev/Mar/Abr
quinta-feira, 6 de dezembro de 2007
quarta-feira, 5 de dezembro de 2007
palco
Gostava de estar em cima dum palco de chão feito com tábuas de madeira escura, e já gasta, com as marcas explícitas da presença de cada história ali representada. Marcas de peças de cenário a serem arrastadas dum lado para o outro, marcas de passos incontáveis.
Gostava de estar em cima dum palco com a luz branca a iluminar-me o corpo franzino coberto com trajes próprios, aqueles que farão de mim o que pretenderem.
Gostava de estar em cima dum palco e ver as partículas de pó a moverem-se dum lado para o outro em nuvens, porque a luz deixa. Sentir o cheiro abafado e poeirento que se entranha e seca as narinas.
Gostava de estar em cima dum palco e correr desenfreadamente, ouvir o som forte dos passos aumentados e sentir que me deixo ir, sem embaraços, com determinação. E sentir o coração na garganta, no fim.
Gostava de estar em cima dum palco e conseguir distinguir-me das personagens que interpretaria, sem me esconder por detrás delas. Ter a capacidade de identificar cada traço, saber quem eu verdadeiramente sou, sem receios e com orgulho.
Gostava de estar em cima dum palco. Dos antigos, que têm história.
terça-feira, 4 de dezembro de 2007
infância pequenina
Certas circunstâncias levam-nos a querer fazer uma viagem no tempo. Voltar à altura em que ouvia as conversas mas não as entendia, porque as palavras eram difíceis e saíam rápido da boca dos adultos. Quando me enroscava no sofá, ocupando nem metade porque ainda era do tamanho XS. A altura em que não saía da toalha de praia porque via as pulgas-da-areia transparentes a saltar e tinha medo delas. O tempo em que nada mais me preocupava para além de ver os desenhos animados, comprar cromos para as cadernetas e contar os que ainda me faltavam.
Tenho medo. Muito medo
Nestas alturas é que nos apercebemos verdadeiramente de como a vida escapa do nosso domínio, tal como a areia seca cai das mãos de uma criança.
Planos. Disposição. Prioridades. Maneira de estar. Tudo se altera numa simples mudança da noite para o dia. Às vezes até um piscar de olhos é suficiente.
segunda-feira, 3 de dezembro de 2007
Hoje:
Gostei do telefonema a meio da manhã
Gostei de embrulhar os presentes das crianças
Detestei os bimbos barulhentos como o raio, que se comportam como animais no autocarro