quarta-feira, 30 de julho de 2008

dentro da barriga [V]

23 milimetros de gente e já se começam a perceber os contornos mais gerais.
O coração a bater parece o som de um comboio.
E os meus olhos brilhavam para o écran.

terça-feira, 29 de julho de 2008

pé na argola

o sorriso já se desvaneceu.
E quando sabe a pouco, faz-se o quê?!

ontem

Dificuldade em adormecer porque, de vez em quando, os meus lábios ganhavam vida própria e, sem eu dar por isso, esboçavam sorrisos tontos.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

coisas

É tão agradável ouvir a pronúncia açoriana do outro lado da linha...
Hoje descobri que espreitar pelo olho-mágico e ter o olho de um desconhecido do outro lado a olhar para mim, é assustador.

domingo, 27 de julho de 2008

Ao meu lado, o livro que terminei de ler há pouco, descansa bem descansadinho. Sente-se contente porque vou deixar de invadir a sua privacidade, pelo menos durante uns tempos. Será que os livros se sentem expostos quando são lidos? Abri-los é quase como despi-los e ler cada palavra é como se analisássemos cada poro com o máximo de rigor, com direito a crítica e tudo.

sexta-feira, 25 de julho de 2008


(Jane)

dentro da barriga [IV]


a barriga da minha irmã tem uma missanguinha lá dentro.

a ilha outra e outra vez

Aperta a vontade de recordar a sensação de enterrar as mãos e os pés na areia preta e macia, dos banhos à noite no mar, do som dos cagarros, dos cheiros... ah os cheiros! E de encher os olhos com as dezenas de tons de verde que vão além do que o olhar alcança, mesmo quando se está a chegar pelo ar.
Agora gostava de fazer uma corrida com uma folha seca de Outono que é levada pelo vento.

terça-feira, 22 de julho de 2008

ó(s)culos

onde estão as crianças que, nos dias de hoje, sorriem ao receber lápis de cor?

Tinha sete anos quando o meu pai me ofereceu uma caixa grande com muitos lápis de cor. Eram muitos, ou pelo menos pareciam-me muitos. Lembro-me que fiquei radiante e que nunca os baralhei dentro da caixa, ficaram sempre nos lugares de origem, por tonalidades. A minha mãe marcou cada lápis com o meu nome, raspou um pedacinho da madeira e escreveu "Joana C." a caneta, um por um. Eram os meus lápis novos e ainda hoje os tenho, mas já com um terço do tamanho.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

coisas

Sou um bom coração, hoje voltei a não resistir ao beicinho dos queques de chocolate, das maçarocas e das batatas fritas nas prateleiras do mini-mini-preço. Adoptei-os.

dentro da barriga [III]

Sobe escada, desce escada, recepção, médica, desce escada outra vez, recepção novamente, sobe escada e médica mais uma vez, desce escada para ir embora com muitos papéis verdes e brancos na mala para começar os exames, muitas recomendações a não esquecer e um sorriso meu enquanto tanto eu como a minha irmã imaginávamos como vai ser tudo desta vez.

domingo, 20 de julho de 2008

Eu juro que vejo e ouço os pudins de chocolate, os bolos, as batatas fritas e os queques de chocolate a acenarem-me das prateleiras dos supermercados, chamam-me pelo nome e pedem-me para os trazer para casa. E eu, com pena, raramente resisto.

a caixa



com o inicio do enxoval da missanguinha feito pela tia.

os sonhos

(…) o panorama ou enredo do sonho tem uma existência cognitiva própria, isto é, revela-nos pensamentos a que sem eles não tínhamos acesso, pensamentos esses elaborados (concebidos) a partir de memórias somáticas e emocionais não conscientes. O sonho exprime, por imagens e cenas, o desenrolar e resultados de um processamento cognitivo extraconsciente.

Interpretar os sonhos pressupõe uma exigência cognitiva: descobrir os pensamentos latentes e perceber a gramática do sonho. O sonho faz, então, aparecer aquilo que sem ele jamais seria visto. As verdades que revela são sinais de fogo (sensações, emoções, sentimentos) que jamais se extinguiram.

O sonho transforma em pensamento e imagem o que o corpo sente sem saber que sente.

in Mais Amor Menos Doença

António Coimbra de Matos

sábado, 19 de julho de 2008

nadar nadar nadar no mar.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Porque sou uma gulosa, depois de jantar decidi experimentar uma receita nova de um bolo de chocolate que está neste preciso momento no forno. Desta vez decidi fazer de forma diferente, apeteceu-me brincar com as texturas. Separei as claras das gemas nas minhas mãos, em vez de usar as metades da casca, e fiquei a deliciar-me com a maciez da gema sozinha na palma da mão e com as claras frias a escorrerem-me por entre os dedos para a taça. Enchi as minhas mãos de farinha e soprei, não me importei de sujar a bancada da cozinha. Parecia outra vez uma criança.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

primeiro, deste lado [III]

Quando não preciso de me lembrar, lembro-me. Quando me pedem para lembrar, não consigo.
Já sinto falta do mar. Não o mar da beira-mar, mas o mar bem longe da costa, onde se atraca o barco e se salta para mergulhar. Onde a água parece compacta, de um azul escuro suavemente ondulante. Sinto falta disso, de saltar do barco no meio do oceano.
sei que quero escrever, mas nada do que me lembro merece a pena. Mais vale não insistir.

em comunhão


(Jane)

quarta-feira, 16 de julho de 2008

hoje

Uma tarde com a R., a fazermos de turistas no meio dos verdadeiros turistas, incluindo o cliché do pastel de Belém e o típico passeio à beira rio até à torre. Soube bem, com o vento a aligeirar o calor do sol. E a surpresa de encontrar o D. no autocarro durante três minutos.

mais perto do sol, no topo


sem dúvida que

é bom fazer de turista na própria cidade.
Estou a dar em doida com o barulho das obras do andar de cima, até o sofá vibra. Vou até Belém comer um pastelinho, desanuviar a cabeça e os ouvidos deste barulho infernal e pôr a conversa em dia com uma boa companhia.

(Jane)

um parêntesis de liberdade em Janeiro daquele ano.

narcisismo das diferenças

(…) a criança, principalmente na fase genital infantil, precisa do olhar de alguém que confira beleza ao seu corpo; assim como o adolescente vai precisar de alguém que confirme a beleza desse seu mesmo corpo.

Todavia, antes e concomitantemente, o bebé é reconhecido e investido pelo seu rosto – que o diferencia de todos os outros bebés, confirmando-o como único e o mais belo (para e pelos seus pais, designadamente a sua mãe). É esta distinção e honra de ser único e especial que o soergue do anonimato e da indiferença, colocando-o no altar da admiração e do amor. (…)

Assim, à mingua e sem investimento narcisante e isolado que então fica do corpo erótico – desde logo, do afecto -, o bebé vai crescer, por um lado, anónimo, sem identidade valorizante, e por outro, deslibinizado, sem uma sexualidade viva e um erotismo global, que se estenda da ponta dos pêlos à medula dos ossos, difundido também por toda a mente e funções do aparelho psiquico. (…)

É somente o ser exclusivo e com um rosto apreciado e amado aquele que tem acesso, não só à identidade-diferença, como ao estatuto de alguém, a dignidade sem a qual se é apenas ninguém. Um rosto que define e distingue, um rosto que valoriza e promove – um rosto que dá unidade, coesão, equilíbrio e força à mente e ao corpo, um rosto que contém e ostenta a pessoa. Sem essa unicidade e brilho, a pessoa não existe. (…)

Ter rosto significa, então, ser amado tal como se é; ser bonito porque se é amado, e não por ter olhos azuis ou pretos. Ser alguém – e não o Zé ou a Maria Ninguém – é ser objecto de amor, o objecto construído pelo amor, e não o objecto que fabrica um amor sempre falso. (…)

E, para finalizar: só desejado por aquilo que sou posso amar-me a mim mesmo, ter um narcisimo saudável e uma auto-estima confortante.

Ter rosto é, pois, ser gente – amável e amada, distinguível e distinta: em toda a acepção da palavra. Porque qualquer um de nós tem sempre algo que o distingue, o enobrece e de que se orgulha. (…) Portanto, a beleza do bebé, o seu impacte estético na mãe/pai está no olhar idealizante destes – no bebé fantasmático e imaginário, muito mais do que no bebé real.



in Mais Amor Menos Doença

António Coimbra de Matos

terça-feira, 15 de julho de 2008

encaixotar riquezas

Tenho inúmeras caixas de cartão grosso, de vários padrões, espalhadas pelo meu quarto. São caixas com pedacinhos daqui e dali, pedacinhos da minha presença, do meu movimento no mundo. Sempre dei valor aos pormenores, como um desenho num pedaço de folha rasgado, uma pena apanhada do chão numa ocasião especial, um papel de embrulho de jornal que trazia dentro o meu presente de anos. A partir de cada lembrança mínima sou capaz de contar a história de uma vida. São estas riquezas que me enchem os olhos, desprendidas de vulgaridade e de valor para os outros. Tenho uma caixa cheia de colares, colares que comprei quando era dez anos mais nova; colares que me ofereceram de presente em papel de embrulho; colares que foram retirados do pescoço de alguém e postos na minha mão com a promessa de uma eterna recordação; colares escolhidos em areais da praia aqui ao lado e de praias bem mais distantes. Ao lado, uma caixa cheia de pulseiras. Outra de brincos e mais uma de anéis. Uma outra caixa cheia de sorrisos, frios na barriga, de bilhetes de programas em conjunto, de desenhos e textos em prosa escritos de um país de leste para atenuar a saudade. Uma caixa com os meus diários, que são mais que muitos, e de postais de anos e outros. Outra caixa repleta de fotografias. Fotografias. Fotografias. Depois, a caixa que tem o mais fantástico: a máscara comprada numa rua estreita de Veneza e o que restou das brincadeiras com plasticina numa noite de Verão. Agora tenho mais uma, rectangular e com tons serenos, lá dentro tem roupinha de bebé e um amor que cresce cada vez mais. Mas esta última vai mudar de morada em breve.

post número 400!

water&oil

São "linhas entrelaçadas"...
Sinto falta de sentir que nada me falta.

a eterna saga dos vizinhos de cima

Há mais de duas semanas com obras no andar de cima a começarem todos os dias às 8h da manhã, é normal que o aspecto da minha cara não seja dos melhores. Além de que sou obrigada a sair de casa por causa do barulho insuportável. O melhor é que faltam, pelo menos, mais duas semanas de obras. Deviam ter-me pago um mês num spa, que bem mereço e preciso!

coisas

É quase 1h da manhã e só me apetece comer coisas más, nomeadamente batatas fritas com ketchup e pizza! Ah e panquecas, crepes, waffles... também aceito bolo de nozes e bolachas húngaros.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

mania desde criança:

dançar no quarto.

apetece-me o cheiro a relva cortada.


(Jane - 2006)

dia 14

três meses depois e ainda me faz comichão. Daquelas comichões em que as unhas quase rasgam a pele.

sábado, 12 de julho de 2008

coisas

A I. sempre a dar-me miminhos quando vem de fora. Sabe mesmo bem.

coisas

Agora com os meus óculos novos, a minha mãe diz que pareço a Nana Mouskouri quando era nova.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

dentro da barriga [II]

Não resisti e comprei algumas peças básicas para o baby, em cores neutras, não vá a minha intuição estar errada e ser um rapaz. O cor-de-rosa bem que me piscava o olho.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

primeiro, deste lado [II]

Pela primeira vez posso falar deste lado na primeira pessoa. A minha estreia correu bem, sem ponta de nervosismo e aconteceu tal como esperava: queria que o tempo ganhasse muitos minutos extra, o que até acabou por acontecer, mas só por ser a primeira vez. Falei, falei, falei. Comecei numa ponta e percorri todas as outras, por alto. Porque nesta área não há pontas soltas, tudo se relaciona, uma coisa leva à outra e essa a outra e por aí adiante. Bebi das palavras dela e dos gestos, pretendo guardar tudo numa caixinha cá dentro e enchê-la aos poucos com o que vou aprendendo, não só sobre mim, mas do que deve ser uma relação destas.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

sinto-me assim


(photografia por Jane)

"O rio da minha aldeia não faz pensar em nada.
Quem está ao pé dele está só ao pé dele."

Alberto Caeiro

o perdão

É costume ouvir-se dizer – “perdoei mas não esqueci”. Nada de mais errado psicologicamente, e portanto produto de uma convicção ilusória. O animal homem esquece, mas raramente perdoa. E simplesmente perdoar as ofensas sofridas não é a atitude psicológica mais correcta e saudável. (…) Para perdoar é preciso previamente ter acusado. Só depois de acusar, mover o processo de inculpação, é possível o perdão, a amnistia, a clemência.

Acusar não é condenar, é esclarecer. A reconciliação com o inimigo de outrora só é viável – quando o é – após a libertação do ódio e ressentimento contidos. Com falso perdão ou pseudo-reconciliação não se constrói bem-estar psíquico nem bom relacionamento.

(…) há ofensas que não se podem nem se devem perdoar – o respeito por si próprio e a dignidade a que cada um tem direito traçarão o limite do perdoável. Nem sempre o perdão é necessário à saúde mental e social; pode ser inconveniente.

in Mais Amor Menos Doença

António Coimbra de Matos

terça-feira, 8 de julho de 2008

evitamento

O impasse custa, as dúvidas ferem, mas ouvir um não redondo pode ser um abanão forte de mais.

coisas

o que é bom: abrir o congelador de noite e tirar um magnum de amêndoas.

(as)simetria


(Jane)

dúvidas

E se um dia não tiver resposta para as perguntas dificeis da pessoa sentada do outro lado?
Hoje sinto-me pequenina e posta a um canto.
Amanhã é outro dia.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Encolhida sou quase do tamanho dela.

(Jane)
Esta não me pertence, mas é de quem me ofereceu a minha guitarra.

Quero tocar.
A minha impaciência característica e a falta de jeito não me deixam ir mais além.
Ralho comigo.

sete do sete

and so what?!

Como dizia Freud,

não nascemos e morremos uma única vez: estamos constantemente a nascer e a morrer ao longo da nossa existência. A meu ver, os tais nascimentos podem ser pelas mais pequenas coisas, pelos mais pequenos prazeres e, na maior parte das vezes, com direito a morrer logo logo em seguida, para depois voltar a nascer. Nascemos, se formos pessoas mentalmente sadias, sempre com mais força, sempre com mais experiência, com outro olhar perante o resto, para melhor ou para pior, mas nunca igual ao anterior. Contudo, quem me dera ter todos estes nascimentos sem ser preciso passar pelo outro lado da moeda.

primeiro, deste lado.

Sei que vou querer que aqueles quarenta ou cinquenta minutos de quinta-feira estiquem como um balão, porque tenho tanta, tanta coisa para contar... Estou com muita vontade de chegar lá e desbobinar todos os meus fantasmas, tudo aquilo em que penso, as minhas dúvidas e os meus medos, mesmo os mais recôndidos. Tenho uma curiosidade imensa em saber como é estar deste lado e vou tentar aprender e absorver tudo pelos olhos e pelos ouvidos para que, daqui a uns tempos, possa estar do outro lado da mesa com toda a confiança deste mundo. Mas sempre com a simplicidade suficiente para nunca dar nada como garantido.

Admito que nos últimos tempos a paixão pela futura profissão que escolhi apoderou-se de mim de um modo mesmo intenso, como nunca tinha sentido.

domingo, 6 de julho de 2008

Apetecem-me flores.

oferecidas.

solzinho bom

para usar e abusar dos vestidos e sentir-me leve leve.

sábado, 5 de julho de 2008

e mais,

tal como quero devorar livros, também me quero pôr em dia com os filmes. Começando já hoje. Bendito vizinho do lado.

nestas férias

quero comprar livros até ir à falência.
Tenho fome de livros.

(photografia por Jane)

Espreitar um fim de tarde através dos troncos que parecem desenhados a tinta da china.


sexta-feira, 4 de julho de 2008

coisas

Hoje acordei com vontade de ter o meu cabelo comprido outra vez, com as ondulações naturais e com os laivos de castanho mais claro por causa do sol e do sal da praia, tal como no verão passado. Ou de ter o meu cabelo comprido e esticado, pintado de castanho bem escuro e com franja como tinha ha uns meses.
Tenho saudades dos meus cabelos antigos.

LICENCIADA!!!

Segue-se o mestrado em Psicologia Clinica.

dentro da barriga

Ando em pulgas, a minha cabeça está a mil, só faço contas e imagino como será quando a barriga começar a crescer, como será quando o bebé começar a dançar lá dentro, o cheirinho único a bebé, as mãos minúsculas e o corpinho frágil.
Ontem entrei em duas lojas para comprar qualquer coisinha básica para o enxoval, mas só havia babygrows em cor-de-rosa (apesar de ter esperança que seja rapariga prefiro não arriscar) ou em azul. Sei que sou uma precipitada, ainda nem se fez a ecografia e ainda faltam uns mesinhos para saber, mas estou tão contente que me apetece já tudo, apetece chegar ao calendário e rasgar as folhas até chegar o mês de Março.

...

As notas deslizam para fora das colunas ao compasso da música. Enrolam-se nos meus pés, nas mãos e modelam-me o corpo conforme lhes apetece. Sou inteiramente dominada e mesmo assim sinto-me livre. Mais livre do que nunca.

Se

Se tanto me dói que as coisas passem
É porque cada instante em mim foi vivo
Na luta por um bem definitivo
Em que as coisas de amor se eternizassem.


Sophia de Mello Breyner Andresen

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Agora que estou quase oficialmente de férias, sabe-me tão bem retomar a minha ginástica matinal que esteve parada devido aos exames.
Quero saltar de uma falésia, inspirar o cheiro a maresia, abrir os braços e voar.

quarta-feira, 2 de julho de 2008

apetecia-me estar assim


(Jane - Porto 2006)

terça-feira, 1 de julho de 2008

positivo!!!


Estou radiante, mas ainda é cedo para maiores manifestações.
Até lá, espero que tudo corra lindamente.
feliz feliz feliz!
"Temos algo."